Sábado à tarde, no parque de estacionamento da Decathlon, depois de uma festa de aniversário. Uma cigana, nem nova nem velha, aproxima-se do carro e...
"Eu não vou ofendê-la, nem insultá-la, mas queria procurar-lhe uma coisa." Acho que a palavra foi mesmo "procurar-lhe". Tinha a pele enrugada, não dos anos, mas do sol. Falava curvada, numa posição servil, como se me implorasse para a deixar falar.
"Diga" disparei, a achar que ela me ía pedir um cigarro, já que trazia um isqueiro azul na mão.
"Você não tem tido sorte! Não tem mesmo. Mas é porque alguém que a inveja muito não deixa. Não se preocupe, pois tem um futuro lindo à sua frente. Sabe... devia ir pedir a alguém para lhe ler a sina. Nunca leu, pois não?"
"Não."
"Há uma coisa que lhe vai acontecer, para a qual você devia estar preparada."
"Eu prefiro não saber."
"Pronto, vá à sua vidinha em paz e não se preocupe.
Senti que ela me disse aquilo porque precisava de o dizer. Como se tivesse necessidade disso. Não me pediu absolutamente nada. Apenas disse aquilo e desapareceu. Se o que ela disse se encaixa no perfil de muitos? Talvez... Não sei. Apenas sei que ela o disse a mim.
2 comentários:
A cigana foi-se embora e fez o mesmo, durante toda a tarde, a mais uma dúzia de pessoas no parque de estacionamento da decathlon. No dia seguinte de certeza que foi para o Ikea...
Chega ao fim de cada dia e tem uns trocos para se sustentar.
Não é mais do que outra versão dos arrumadores de carros!!!
Tiago,
Será?! Então porque é que ela não me pediu dinheiro? Estaria à espera que eu lhe desse de livre vontade...? Hum... Não sei. Não me pareceu que fosse isso.
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