Trabalha que nem um touro, é educada e nunca deixa de sorrir.
Tem 42 anos, 3 filhos, 1 neta e outra a caminho. Já teve 2 tromboses.
A filha mais velha casa sábado. A mais nova morava com ela até ontem - abalou grávida, com o marido e a filha para o campismo, depois de uma violenta discussão com a mãe. Problemas de dinheiro, porque o genro é viciado em jogo.
Não consegue falar de tão rouca que está. Trata-me por menina e pede-me desculpa por me roubar 10 minutos da hora de almoço.
O pai tentou abusar dela quando tinha 11 anos e mais tarde suicidou-se.
Diz que não tem sorte na vida. Que não sabe o que anda cá a fazer. Apesar de tudo, não parece ter 42 anos.
...
Nunca sei bem como reagir quando me contam coisas destas. Mas ouço. Acho que é o mínimo que posso fazer.
E não sei bem porquê, no fim sai-me um "Se precisar de alguma coisa, já sabe. Nem que seja só para desabafar..."
Acho que normalmente ninguém pensa muito nisso, mas raramente nos lembramos da importância que tem na nossa vida uma infância feliz, um crescimento saudável numa família estruturada e dita "normal". Já nem falo em "pai" e "mãe", mas em normalidade de afectos e acompanhamento. O facto de podermos estudar em condições, brincar sem preocupações de maior, ser "crianças" quando o mais que somos é isso mesmo!
4 comentários:
Tínhas dúvidas? Eu nunca tive. Mas às vezes esqueço-me da sorte que tenho.
Afectos??? São o mais importante para as crianças, é, à parte das regras sociais que lhe impomos, o que lhe vai ficar para a vida toda e que fará sempre a diferença. As nossas crianças apesar de tudo sabem o que é o amor, o carinho, a ternura!
Mad,
É isso mesmo. Dúvidas não tenho, mas tal como tu, esqueço-me da sorte que tenho...
Beijo
Palavras para que...
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