Novela (que podia ser mexicana) com um número infindável de episódios e protagonistas a mais, vendida em pacotes económicos aos países do leste europeu. Enredo muito intrincado, malfeitores qb, doses exageradas de sacanices, facadas nas costas e muitas figurantes com língua de porteira. A única coisa que vale a pena no meio desta salganhada toda?! A protagonista, que interpreta este argumento sem mudar uma vírgula... ou não fosse isto a sua vida.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Vou fazer uma revolução!

Entre a máquina de costura e uma carrada (literalmente,uma carrada) de meias e cuecas para dobrar dou por mim a pensar porque é que toda a gente lá em casa usa meias pretas. É que dificulta, e bem a tarefa. Ora os miúdos tem desculpa, o uniforme da escola pede meias pretas, azuis ou cinzentas escuras. O gajo crescido é porque gosta e porque toda a gente que lhe oferece meias pelo Natal (mãe e sogra) as compram pretas ou pretas. Sobro eu, que também gosto de meias pretas. Vai daí, quando é para as irmanar é o cargo dos trabalhos. E pelos tamanhos já nao me safo pois os putos estão a crescer de uma maneira assustadora e as meias deles já me servem…. E então é ver-me a praguejar e a mal dizer a vidinha enquanto confiro o cos das meias, o comprimento, o toque… Sim, porque a única a ajudar é a princesa que tem uns pares de meias com bolinhas coloridas na sola.
E depois vem o cara…ças do ferro. Filho de uma grandessíma meretriz que precisa de mim para fazer o trabalhinho todo. Ou não fosse gajo – “o” ferro. E bute lá passar camisas e uniformes e cara alegre que para a semana há mais… Que estafa.
Ah… e o gajo que disse que arrumava a cozinha porque ficava a trabalhar em casa, arrumou tanto como os gnomos do jardim. Sobrou para quem? Esta-se mesmo a ver, né?
Estou prestes a fazer uma revolução, a queimar uns soutiens na mesa da cozinha, a por a mão na cinta e a subir no belo do tamanco! Ou me ajudam ou vai tudo numa fona com puxoes de orelhas de brinde.
Os putos ou arrumam a roupa que eu engomei e dobrei ou nao veem televisão. O marmanjo que me atura, ou começa a descolar a bunda do sofá mais que uma vez por semana ou sabe bem o que lhe calha.
Está dito! A mulher a dias lá de casa vai entrar de greve se não houver colaboração de todas as partes. É isso ou contrata-se uma á séria. Gorda, velha e desdentada, que as polacas são giras nas horas e periiiiiiigosas.
É que isto ou há moralidade ou comem todos!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Viver num país civilizado não contribui para a minha veia literária

Parece que me falta o fel para escrever bem. O ser contrariada, o correrem-me mal os dias. Ter gente a atazanar-me o juízo e a encher-me os pacovares

Mas convenhamos , viver num país civilizado não ajuda. Senão, vejamos.

A miúda anda numa escola 5 estrelas. Quanto pago? £ 1,90 por dia. Nem um penny a mais. E épara o almoco, onde tem 3 (tres!!!!) opcoes diferentes todos os dias. E coisas que os miúdos gostam, como salsichas, pizza, bolonhesa e fish fingers. Tal e qual como na escola de Alcantara… rancho e peixe cozido… Right! Veste uns uniformes todos catitas…. Comprados no Tesco (o Continente cá do burgo). Material escolar? Nicles batatóides! Se bem me lembro do último ano em Tugaland, poupo mais de 100€ por ano entre canetas de feltro, lápis de cor e de cera, tubos de cola UHU, resmas de papel, dossiers de lombada larga, cadernos diários pautados e quadriculados.

Leva o lápis e a borracha porque QUER. A escola fornece absolutamente TUDO. Ah… e já disse que não há manuais? Pois, não há.

Depois… depois tenho um trabalhito catita. Básico, é certo. Mas catita. Pagam-me o dobro do que recebia em Portugal e com vários benefícios. Trabalho das 8h ás 5h. Não levo com chefes rabugentos, não me gritam ou embirram porque lhes apetece, não chateiam só porque podem. Ao invés disso, pedem-me por favor e perguntam-me se não me importo (tipo “por obséquio, podes fazer aquilo que te pagam para fazeres?").

Não há cá malta que conseguiu o emprego com uma grande cunha encostada ao partido. Todos trabalham, todos dão o seu melhor. Há com certeza excepcoes que, com o tempo, destoam e vão á vidinha. Não há espaco para rocar a micose e fazer pouco do patrão.

Mais? Quando preciso de uma consulta, marco por telefone e normalmente tenho-a na mesma semana. Se for urgente, no próprio dia. Os comboios são caros? São, mas se se atrasam fazem desconto no preco do bilhete. Há subsidios para tudo e mais alguma coisa e são controlados assiduamente para que não haja abarbatancos. E quando os há e são descobertos, pagam tudo o que receberam indevidamente e ainda arriscam cadeia e deportacão (se forem estrangeiros).

E pronto. Viver num país civilizado nao contribui em nada para a minha veia literária.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Homenagem ao Meu Maestro

No próximo dia 5 de Novembro, em Lisboa, vai haver um jantar de homenagem ao antigo maestro do coro da Igreja da Boa Hora, onde eu andei.

Com muuuuuuuita pena minha, nao vou lá estar. Mas a querida da Cristina P. pediu-me para escrever alguma coisa para ser lido no jantar.

E de modos que é isto. Tenho uma pena enorme de nao estar lá e dar-lhe uma granda beijoca na careca!




Corria o ano de 81... (há 30 anos, portanto!) Usavamos camisolas de gola alta e calcas de fazenda que picavam, com joelheiras. Nao foi um bom ano em termos de moda!



Eu teria os meus 6 anitos quando disse á minha mae que queria ir cantar com os meninos no coro da Missa das 5h30. Eu que ainda mal sabia ler, lá fui para o meio deles, logo adoptada pela Paula (nao me lembro do sobrenome). Os mais velhos tomavam conta dos mais novos. Havia uma hierarquia implicita cujo o topo era fila de trás. Levou uns anitos, mas cheguei lá.



Ao meu lado calhou o bom do António M. e a amizade ainda dura. Enquanto nao aprendi a ler entretia-me a comer os cantos do canticos e a falar desmensuradamente nas homílias do Padre Zé. Perdeu-se a conta as vezes que nos mandaram calar e nos separaram uns dos outros.



Os solos da Cristina Piedade punham toda a gente em sentido. Com a Susana C., a Cristina P., a Sandra N., a Ana Q., a Sofia R. (e mais uns quantos de que nao me lembro) pode dizer-se que era um coro de peso. O Nuno M. ao acordeao partia os coracoes de umas quantas meninas (nao vou dizer nomes!)



Vinha gente de proposito á Missa para nos ouvir! E no nosso palmo e meio de altura, cresciamos um bocadinho com o orgulho. E fomos á Se cantar no concurso de coros e fomos ao Páteo Alfacinha cantar no baptizado daquele menino vestido de veludo e que chegou numa carruagem (á filme mesmo).



Para nos meter na ordem, o pulso firme, a boa disposicao e as carradas de paciencia do Mário Q.. E eramos giros e afinados, com muito ensaio e sobretudo muita dedicacao do nosso mentor. Ainda me lembro como ele nos fazia repetir as mesmas coisas várias vezes ate que achava que estavam bem. E nos ensaios das leituras, fazia-nos dizer uma palavra complicada 10 vezes ate acertarmos.



Os desafinancos eram levados como simplicidade, com um motivador “nao foi assim tao mal” e os duetos da “ Paz vai correndo como um rio” foram tantos que ainda sei a letra (e o tom!) de cor. E nao e que as vezes dou por mim a cantar essas musicas?! E nao consigo deixar de sorrir com as lembrancas que isso me tras. Tempos bons, cheios de alegria.



Se aquele coro foi o que foi, muito se deveu á forca de vontade de quem o ensaiava. Nao só a Missa ficava mais fácil de levar daquele lado, comos os lacos e amizades aí contruidas eram coisas para durar uma vida inteira.



Tenho a certeza que nunca gostei tanto de fazer parte de um grupo como do Coro das 5h30. Foram anos que deixaram muitas saudades mas em contrapartida as recordacoes desses tempos nunca serao esquecidas.



A todos os fizeram parte daquele coro, um bem hajam!



Ao Mario Q., pela paciencia e dedicacao e pelas belas recordacoes que me proporcionou um beijo do tamanho do mundo com muitas saudades!