Novela (que podia ser mexicana) com um número infindável de episódios e protagonistas a mais, vendida em pacotes económicos aos países do leste europeu. Enredo muito intrincado, malfeitores qb, doses exageradas de sacanices, facadas nas costas e muitas figurantes com língua de porteira. A única coisa que vale a pena no meio desta salganhada toda?! A protagonista, que interpreta este argumento sem mudar uma vírgula... ou não fosse isto a sua vida.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Dão-se alvíssaras

Perdi-o outra vez! Mas ainda não sei se é definitivo. Já o perdi tantas vezes.

Uma vez foi numa estação de serviço. Estive 20 minutos de cócoras à procura, até que o encontrei. Outras, ficava no saco das compras. E encontrava-o sempre. Já ficou em casa de amigos e eu telefono sempre "É o meu anel da sorte! Guarda-o bem!"

A mais caricata e inacreditável foi o ano passado, numa prova de orientação no meio do mato, com pessoal da empresa. Não o devia ter levado, mas esqueci-me de o tirar. A meio da prova resolvi metê-lo num bolso das calças, mas não o devo ter fechado bem. No final, lamentava-me de o ter perdido. As minhas colegas assentiam que era lindo, que tinha sido uma pena. Até que alguém disse "Perdeste um anel? Olha que fulana de tal encontrou um!".

Contra todas as probabilidades, uma colega de outra equipa tinha-o encontrado e guardado. Foi inacreditável.

Mas desta vez, não faço ideia de onde o perdi! Sei que o tinha quando sai de casa... e só dei por falta dele a meio da manhã. E ontem andei por tanto sítio...

Era da minha mãe. Tanto o cobicei, que ela acabou por ceder. É lindo. Diferente. Ainda há dias, me perguntaram porque é que o uso no dedo indicador. Porque é o único onde cabe. Nos outros fica largo. No indicador ou no polegar, é onde o uso. Quase sempre na mão esquerda. E faz-me falta, porra!

É de prata, trabalhado e com pintinhas verdes, vermelhas e azuis. Tem um ar... sei lá, meio místico, meio árabe, meio rústico. E eu adoro-o.

Se alguém o encontrar por aí, guarde-o bem. É o meu anel da sorte.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Quero o meu sofá!

Mais mental, que físico, o cansaço invadiu-me. Estou há duas semanas às voltas com mapas de excell, cartas para responder, actas para fazer, planos de marketing para apresentar...

Apesar da motivação inerente a um aumento de 25% e um prémio considerável, estou cheia de vontade de... fugir! Foi um ano complicado. Já fez um ano que aqui estou. E este não vai ser melhor. Muito antes pelo contrário.

O que apetecia mesmo era ficar quieta, no sofá, com a minha mantinha polar, uns cafunés no cabelo, feitos por quem os sabe fazer, um chávena de chá verde (ou branco) e filmes, muitos filmes.

Até porque o sol este fim-de-semana já disse que não vem. Só podia ser gajo, esse. Quando toda a gente precisa dele como pão para a boca, não aparece.
Quero o meu sofá, os meus cafunés e muito mimo. E que comece Março, que tenho saudades da Primavera.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A verdade da mentira

Ora então vamos lá esclarecer.

1. Fumei chicha - VERDADE
Ah pois fumei! Num restaurante manhoso, numa cave ali para os lados do Saldanha. E era sabor maçã-canela. Xô Dona Mad, eu nunca fumei foi cigarros, menina, cigarros! Ah... óbvio que fiquei mal disposta.

2. Vi o nascer do sol - MENTIRA
Foi coisa que nunca vi ao vivo. Uma vez esteve quase, quase. Mas chamaram-me para dentro e eu fui.

3 - Vomitei num restaurante - VERDADE
Nem só por bebida vomita uma gaja. Foi uma paragem de digestão fenomenal. Comecei a vomitar o jantar da noite anterior em cima do prato do almoço, atravessei o restaurante todo a espalhar entranhas e só parei na casa de banho. Foi tão lindo, mas tão lindo, que o senhor da mesa em frente nem parou de comer o seu bife, enquanto observava a cena.
4 - Parti um osso - MENTIRA
Nunca parti nada. Nem a cabeça, nem dedos, nem braços, nem pernas. Só o coração, mas esse sacana nem ossos tem.

5 - Vi o pôr do sol no deserto do Sahara - VERDADE
Vi, sim senhora. Em cima de um camelo e com uma burka mal-cheirosa vestida. Nunca a palavra arrête fez tanto sentido para mim. E quase que fui raptada, mas isso fica para outro dia.

6 - Traí alguém - MENTIRA
Nunca me deu para isso. São feitios, eu sei. Além de achar que é capaz de dar muito trabalho, as consequências também me parecem um tanto ou quanto para o lixadas. Sou fiel. À minha família, aos meus amigos, a quem amo. Dizem que faço jus ao nome que tenho.
7 - Disparei uma arma - VERDADE
A espingarda de pressão de ar do meu pai. A tentar acertar em latas de Fanta e de Coca-cola. Péssima pontaria, há que admitir.

8 - Apareci no antigo canal 18 Viver Vivir - VERDADE
Num documentário sobre bebés. Apareci eu e a minha filhota. E tenho o VHS de prova. Passou a horas decentes, obviamente, e não no meio dos "oh... si, si cariño".
9 - Estive em coma - VERDADE
Aos 5 anos de idade tive uma hepatite e entrei em coma. Estive mais de um mês em casa e pus a cabeça em água à minha Mummy. Fiquei a odiar o pediatra que me mandava fazer análises todas as semanas. Parecia um chouriço!
E pronto. Agora que sabem tanto sobre mim, vou ter de vos mandar matar. Ah... e nem a minha Mãe acertou! Eu não disse?

Praga

Hoje rogaram-me uma praga. Que vou perder este emprego. E acusaram-me de não ser séria. Saltou-me a tampa. Pus o senhor-de-minoria-étnica-que-lhe-permite-vitimizar-se na rua, chamei a segurança e espetei-lhe o dedo no nariz enquanto lhe dizia que ele estava a pisar. terreno perigoso.
Detesto gente aos gritos. Detesto que me acusem do que não sou. Detesto cenas. E detesto este meu lado intuitivo que me avisou que o tipo não era boa pessoa.
Às vezes, só às vezes, detesto ter razão.

Nunca mais

Da última vez que me magoei, ele estava por perto.
Ajudou-me a levantar e disse-me que, a partir dali, ía comigo.
Disse-lhe que tinha pensado em ligar à A., mas ele respondeu que era para ele que tinha de ligar. Sempre. Fosse qual fosse o motivo.
Pensei em resolver sozinha.
"Sozinha?! Tu nunca mais vais ter de resolver nada sozinha!"

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

The number of the beast

Parece que foi o post ali de baixo.
O n.º 666. Há quem diga que é o número da besta. Eu digo que é um número.
Neste caso, o número das postas que o meu big fish tem!

It is destiny

From Danny Boyle, director of Trainspotting and 28 Days Later, comes the story of Jamal Malik, an 18 year-old orphan from the slums of Mumbai, who is about to experience the biggest day of his life...


Amei! E não fui só eu... 8 Óscares, incluíndo Melhor Filme e Melhor Realizador.

Parece que três delas são intrujice

Eu já...

  1. Fumei chicha
  2. Vi o nascer do sol
  3. Vomitei num restaurante
  4. Parti um osso
  5. Vi o pôr do sol no deserto do Sahara
  6. Traí alguém
  7. Disparei uma arma
  8. Apareci no antigo canal 18 Viver Vivir
  9. Estive em coma

Acho que nem a minha Mãe acerta!

O meu fim de semana

Vi o Slumdog Millionaire, fui à praia, comi que nem uma besta, estive no meu terraço e fui feliz.

Não peço muito mais.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Prometo

Que nunca mais me esqueço da diferença entre spanking e beaten...
É que entre dizer que o tipo foi espancado e que levou umas palmadas, vai uma graaaaande distância. Além do que, numa reunião de trabalho, sai amplamente do contexto.
O ar de gozo com que me disseram "You mean beaten, right?" chegou-me.

Na sala de espera

A loira ao meu lado corrigia testes de físico-química. Soprava e abanava a cabeça enquanto, de caneta vermelha em punho, fazia cruzes, riscava e comentava... Deitei o olho e vi que eram do 8º ano. Folhas de teste rasuradas, com carradas de riscos, números e símbolos encavalitados.
Não sei de quem tive mais pena. Se dela, se dos miúdos.
Na outra ponta da sala, um tipo na casa dos quarenta, segurava o seu palmtop como se dele dependesse a sua vida. E também soprava.
À minha frente, uma rapariga (parecia mais nova que eu) esperava, encolhida, com um ar aterrorizado.
Depois da análise obrigatória ao território e ocupantes, peguei numa Visão. Como o Obama na capa, data de Novembro do ano passado. Lá terá de ser. Não vou ler a Vogue...
Leio a crónica do RAP (já lida na altura) vejo as fotos do casamento, da faculdade, do pai, da mãe, do padrasto... do 44º presidente dos sobrinhos do Tio Sam. E procuro a outra crónica que tento não perder. A do Lobo.
Por incrível que pareça, o título era a cadeira do dentista. Coincidências? Naaaa. Com essa idade, já deviam saber que isso não existe. Tudo acontece com um propósito.
Qual? E eu é que sei?! Poupem-me!
Com mais de uma hora de espera, a única coisa que me valeu foi a simpatia da dentista. Por cada gemido meu, um "desculpe" sincero. Gelei, transpirei e gemi. Sou uma mariquinhas. E elas eram duas! Saí de lá com um dente pronto para outra e menos meio quilo de tártaro.
Quase três horas depois, ainda me babo durante as conversas. Mas tenho um sorriso ainda mai'lindo.

Linda sobrinha emprestada


Bia - 4.150 Kg - 51 cm
Nasceu ontem, linda, redondinha e enorme.
Aos papás babados, ao mano grande e à tia orgulhosa, os meus parabéns!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A essência dos toques personalizados

Hoje à tarde, depois de entrar no escritório, vinda sei lá de onde, diz a minha assistente:

:: O teu telemóvel tocou três vezes.

- Ah foi?

:: Sim. Dois tiriris e um I want you to want me... (com manifesto ar de gozo)

- Ok. Obrigada.

E eis que...

A minha vida dá uma volta do caraças! De uns 192,5 graus. Porque de 180 dão todas. E esta volta esta a ser qualquer coisa de espantoso.
Muda tudo. A maneira como vemos certas pessoas, certos problemas que deixam de o ser. Certos nós que se desatam e certos laços que se apertam.
Se me contassem, além de não acreditar, duvidava. Fazia perguntas, estranhava, torcia este meu nariz empinado e dizia "Naaaaaaaa!". Mas é! Mesmo.
Como é comigo, nesta minha vida que toda a gente, ao conhecer, diz espantado "A sério?"... Já se estava à espera que assim fosse. Estou no alto da montanha russa, já subi e desci, fiz 3 ou 4 loopings seguindos. Daqueles que amas ou odeias. E eu amei.
Primeiro estranhas, depois entranhas! Nem mais.

Finalmente!

Livrei-me de um problema enorme. Melhor, livraram-me!
Sem pedir nada em troca, porque apenas disseram que o faziam. Sem qualquer obrigação. Levantaram-se às 4h da manhã para me irem defender, numa outra ponta do país. Porque disseram que o faziam. E fizeram-no.
Ficou resolvido. Um peso a menos nos meus ombros. Que pesava há mais de 5 anos. De uma história surreal que nem vivida, quanto mais contada...
Um problema a menos. Que como troco terá de mim uma amizade sincera para toda a vida. Nunca menos que isso.

Obrigada!

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Valentine's gift


Olho para trás e tudo me parece demasiado distante e pequeno.
Apesar da estranheza, do medo e das reticências que inconscientemente me imponho, vou. Atravesso a ponte e deixo-me ir.
Não consigo escrever sobre isto... É diferente.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Porque amanhã é dia dos Namorados

Aqui fica esta pérola dos anos 80. Bom dia para os que têm par. Para os que não têm, aguentem-se. Não há nada a fazer!

Ah... e se não os podem vencer, juntem-se a eles!!!

You came - Kim Wilde

:D

"Sorri. Sorri mais!" pediu-me ele. Que tenho um sorriso lindo e que às vezes, quando estou demasiado séria, pareço triste.

Vou-lhe fazer a vontade, disse aos meus botões. Até porque estou farta de ser séria e parecer triste. Não o sou. E por não o ser e não querer mais parecê-lo, hoje ainda não parei de sorrir.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Falta de orientação

Hoje de manhã fiquei de levar o carro a uma oficina, para peritagem. Não sabia bem onde era a rua. Na noite anterior tinha pedido à minha Mummy para me imprimir um mapa da zona.
Antes de sair, enquanto penteava a princesa - risco lado e carrapito - dei uma olhadela de esguelha ao mapa, que estava de pernas para o ar, em cima da mesa.
O resultado não podia ter sido bom. Depois de meia hora às voltas, de duas paragens para pedir indicações (sim, as mulheres fazem isso) que não correram bem (uma foi a um polícia das Beiras e outra a um táxista baralhado) comecei mentalmente a percorrer tudo o que tinha para fazer hoje. Com os nervos a aumentar conforme ía passando pela mesma rua segunda e terceira vez, achei melhor desistir.
Como não gosto de deixar ninguém pendurado, liguei a remarcar a peritagem. Assim que desliguei o telemóvel pensei... agora vais dar com a rua. E não é que dei mesmo? O raio da placa com o nome da rua a olhar para mim com ar de gozo, do tipo "sempre estive aqui, tu é que não sabias!!!" Se ela tivesse língua, aposto que a tinha mostrado.
O mais normal seria dar uns valentes socos no volante, maldizer a sorte e ficar amuada para o resto do dia.
Em vez disso, soltei uma sincera gargalhada. E pensei que pelo menos na 6ª feira não me vou enganar. Além disso, ficaram de me emprestar um gps. Parece que não me querem perdida por maus caminhos. O meu fraco sentido de orientação agradece.

Preocupações

Há apenas duas coisas com que te deves preocupar. Se estás bem ou se estás doente.

Se estás bem, não há nada com que te preocupares. Se estás doente, há duas coisas com que te deves preocupar. Se vais ficar bem ou se vais morrer.

Se vais ficar bem, não há nada com que te preocupares.

Se vais morrer, há duas coisas com que te deves preocupar. Se vais para o céu ou para o inferno.

Se vais para o céu, não há nada com que te preocupares.

Agora, se vais para o inferno estarás tão ocupado a cumprimentar os velhos amigos, que nem terás tempo para te preocupares.

Então... para quê te preocupares?

Provérbio Chinês enviado por mail pela SupêTia (que envia mails como se não houvesse amanhã!)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Isto já vem de longe

É um fetiche como outro qualquer. Acho eu. Há quem goste de olhos, de bocas, de rabos, pernas, enfim... Eu é mais mãos.
Porquê? Não faço ideia! Gosto e pronto. Das bonitas. Sendo que o "bonitas" é um conceito altamente subjectivo, que corresponde aos padrões que eu tenho sobre mãos.
Tenho por hábito olhar para mãos. Se são grandes ou pequenas, bem cuidadas ou de pedreiro. De unhas rentes ou a necessitar de uma visita urgente a uma manicure jeitosa.
Como eu falo com as mãos, gosto de ver se tenho companhia para a conversa.
Nem muito grandes, nem muito pequenas. Não sei bem explicar quais as que mais gosto. Talvez os olhos, como espelho da alma que lhes chamam, digam mais. Quero lá saber. Eu gosto é de mãos!

Hoje, pela manhã


Dei de frente com este menino, para os lados do Chiado.


E ele sorriu-me. Não fazia ideia de que era tão conhecida!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

What?!

O meu telefone toca. Um número que não conheço. Resolvo atender.

Sim? (Sim, eu digo "sim" quando atendo o telefone)

:: 'Tou, bom dia. É fulano de tal. Queria falar com a sua assistente.

... Você sabe que horas são?!!

:: silêncio... Não!!

São 8h20... eu ainda não estou no escritório. Ligue mais tarde.

:: Ahhhh. Desculpe lá.


Eu gosto tanto de segundas-feiras!

Quando menos se espera

A vida surpreende-nos. E para que isso aconteça, basta estar atento.
De alma disponível e coração aberto.
Porque a vida é isso mesmo.
Um livro em branco onde, muitas vezes, não somos nós que escrevemos.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Only uncorresponded love can be romantic

A Scarlet, a Penelope, a Rebecca... O Javier (inspira... expira... inspira... expira....aiiiiiii) misturados pelo Woody! Lindo! Lindo!

E Barcelona... que saudades. E Giulia y los Tellarini na banda sonora. Hummmm.

Vão ver!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

7 anos para reaprender

Lembro-me de tudo. O telefone a tocar às 6h da manhã. Dele a disfarçar a voz, para eu não entender quem era. Do ar pesado, constrangido até, com que me disse "O teu pai morreu."
Lembro-me do meu desabafo "Graças a Deus". Só quem vê uma pessoa que ama a sofrer com cancro, compreende a sinceridade do que eu disse.
Lembro-me de telefonar a algumas pessoas. Lembro-me de todos os que apareceram. Dos que me abraçaram. Lembro-me em que ombros chorei.
Lembro-me do espanto nas pessoas que não sabiam que eu estava grávida. Dos conselhos não pedidos, mas dados exaustivamente "tu não devias estar aqui".
E o cheiro. Das flores. E da chuva. Chovia imenso. Lembro-me de entrar no carro funerário, com a minha mãe e o meu irmão, e o senhor da agência perguntar "estão bem instalados"? Lembro-me daquilo andar a 10km/hora e de ter uma vontade enorme de gritar ao motorista "acelera-me essa merda!". Parece que tínhamos de esperar por toda a gente.
E o senhor da agência? Nem de encomenda. De blusão de cabedal sebento, dentes podres e uma tendência enorme para o disparate. Trocou o nome do meu pai, no mínimo, duas vezes. Disse-nos no final para não nos preocuparmos com o pagamento, que tínhamos muito tempo. Para no dia seguinte de manhã me aparecer à porta de casa, a exigir o cheque.
Lembro-me de tudo. Com a experiência, sei que o tempo não cura nada. Apenas nos permite reaprender a viver.
Passaram sete anos. E eu, apesar de me lembrar de tudo, reaprendi a viver.

Santa ingenuidade

O Zé Maria estava sozinho e carente. Por falta de experiência, alguma ingenuidade e muita fé no próximo, fez um perfil num site de encontros.
Como introdução, escreveu "Se és alguém que insiste em como o amor não existe, acredita porque eu já vi, ele anda por aqui!". Pela foto, não dava para tirar grandes conclusões... Mas isso não era o mais importante. Estava inspirado. Zé Maria sentiu-se orgulhoso do seu perfil.

Esperou. Mas esperou pouco. Os convites choveram. Um deles, um email de página e meia, chamou-lhe a atenção. Falava dela, da família, do local onde vivia... Estiva Gerbi, uma cidadezinha no Sudeste do estado de São Paulo, com pouco mais de 10 mil habitantes. Dizia-lhe que tinha adorado a frase dele e dava-lhe o email para conversarem no messenger. Assinava "Línia" (de Wanslínia, como depois ficou a saber).

Zé Maria ficou entusiasmado. No perfil dela, a foto era de uma rapariga morena, de olhos castanhos, muito bonita.
Falaram no messenger. Depois ao telefone. Passados quatro dias, Línia já estava de malas feitas para Portugal. Parece que tinha uma tia em Lisboa. Zé Maria ficou surpreendido com a rapidez. Mas de tão ingénuo que era, tudo lhe parecia bem. E ela era tão linda!
Moça de boas famílias, aos 29 anos, Línia não poderia vir sem que Zé Maria falasse com o seu pai (dela). "Para saber quais são suas intenções" disse-lhe. Zé Maria, de peito inchado e coração aberto, falou com Seu Flaviano, juíz aposentado. As intenções eram as melhores e o pai, preocupado, descansou os medos. Línia viria a Portugal.
Mas (há sempre um mas, não é?)... havia um pequeno problema. De quatro dígitos. Faltavam 1.400 reais para a passagem. O Seu Flaviano disse-lhe que havia forma de enviar o dinheiro pelos correios e deu-lhe o nome de uma empresa de câmbios e um código. Zé Maria esmoreceu. Não percebia nada dessas coisas. E agora?
Num acesso de lucidez, falou com a sua melhor amiga. Que o insultou de tudo quanto havia. Que lhe disse que aquilo era tramóia, que só lhe queriam sacar dinheiro. Que, provavelmente, o "pai" era o amante dela.
Zé Maria, na defesa da honra de Línia - que era tão linda - abanava a cabeça e afirmava "Naaaaaaaa! Ela é séria!!!". A amiga perguntava-lhe como podia ele ter a certeza. E ele contou-lhe que ela lhe tinha confidenciado um pormenor íntimo. Muito íntimo. Que era alérgica a "camisinha". A amiga riu-se. "És mesmo tonto! Não vês que isso era só para ficares mais entusiasmado?!".
Seria? Não acreditava. Respirou fundo. Escreveu a Línia a dizer que tinha muita pena. Que não podia enviar o dinheiro. No dia seguinte, Seu Flaviano ligou-lhe. Línia tinha chorado a noite inteira. No desespero de a ver assim, tinha vendido algumas jóias de sua "mamãe" e agora já só faltavam 700 reais.
Zé Maria desligou-lhe o telefone. A amiga deveria ter razão. A última coisa que Línia lhe disse foi "Sai do meu msn!". E ele saiu.
Nunca mais voltou ao site de encontros, onde agora as mensagens e alertas se acumulam sem resposta. Zé Maria não desistiu, mas acha que o amor não está em Estiva Gerbi. Não pode estar tão longe. Tem de estar mais perto, por aqui.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Dúvida

Será que quando alguém escreve no Google "quero saber se o fiesta é um bom carro", está à espera de uma resposta do tipo "É sim senhor. Pode comprar à confiança!" ???

Considerações

Tenho a mania, boa ou má - não sei, de analisar. Gosto de entender motivações, o que levou a dizer isto e não aquilo. Porque é que acabou, porque é que nunca começou.
Se me mandam para um sítio feio (ou bonito, depende) tenho esta mania de querer saber o que está por detrás disso.
Será que dormiu destapado e acordou do lado errado? Será que é assim com tudo, ou é só comigo? Os sapatos estarão-lhe apertados? Ou, numa prespectiva egocêntrica, narcisista e fútil da minha minha parte, a pessoa em questão, inveja-me?
E se sim, porquê? Lá está, de novo a motivação. O que leva as pessoas a dizerem o que querem sem ninguém lhes ter perguntado? A achar que o amargo do que escrevo é igual ao que tenho por debaixo da pele?
Será a inveja de escrever como escrevo? É meu. Não posso dá-lo. Nem ensiná-lo. Serão os olhos de um verde acastanhado, ou castanho esverdeado... que já em miúda diziam à socapa ao meu pai que íam "dar trabalho".
Será este jeito de montanha russa de estar na vida? Ás vezes lá em cima. Outras cá em baixo. Mas sempre a andar. Porque a minha vida é mesmo uma festa. E também há festas más. Em que a música está alta demais, a comida fria e o par me deixou pendurada. Fazer o quê?
Se sou racista? Talvez. Sei lá. Se sou azeda? Sem dúvida nenhuma que não. Posso estar azeda. O que é muito diferente. Mas isso tem dias. E amanhã já é outro. Uma folha em branco, onde tudo pode ser escrito de outra forma. Doce? Talvez. Quem sabe.
Este canto é MEU. Sobre mim e os meus. Desvarios, amizades, amores, perdições... Coisas minhas. Grandes, pequenas, sérias, disparatadas. Minhas! E, como já me canso de anunciar, eu escrevo para mim. Porque gosto. Porque quero. Porque preciso. Porque sim.
Porque, porque, porque. São os meus porquês. As minhas razões. Legítimas porque são minhas. Válidas porque eu quero que assim seja.
Se aqui se pesca à linha, se ofendem etnias, se trocam galhardetes na caixa de comentários, se dizem palavrões como se não houvesse amanhã... Porque é que isso incomoda alguém?? Vira o disco e toca o mesmo... O porquê. Há gente muito estranha.
Mas a mais estranha talvez seja eu... a querer entender o porquê.

Agora sim!

Contem-me o que quiserem, que eu agora acredito em tudo! Mas é que em tudo mesmo.

É que depois de um turco que, na 1ª mensagem que envia, me questiona "do u have long toenails?" ... não posso estranhar mais nada!
Agora sim, acredito em qualquer coisa. Isto é a put@ da loucura... 'Tá tudo ensandecido.
O melhor é ficar muito quietinha, até porque o meu querido paizinho sempre me ensinou que aos malucos diz-se sempre que sim.
E não me posso esquecer de as cortar rentes. Muito rentinhas.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O 2º mês

Fevereiro não é um mês mau. É um mês péssimo! A única coisa boa que tem é ser pequeno.
No final do mês de Janeiro, há sete anos, fui tia pela primeira vez. Passado uma semana, fiquei orfã de pai.

Passaram 7 (sete) anos. Voaram. Escorreram-me pelos dedos, como se fosse areia. Aconteceu tanta coisa. Boa, má, assim-assim. A Raquel cresceu. E ele não estava cá. Não viu. Nem lhe pude contar.

Há dias, peguei numa máquina fotográfica que era dele. Não sei se funciona, mas estou tentada a experimentar. É daquelas pesadas, antigas. Com estojo em pele. Quando o abri, senti o cheiro a tabaco entranhado. Tabaco de cachimbo. Um cheiro doce e seco. O cheiro do meu pai.

Lembro-me de ficar parada a olhar para ele, enquanto acendia o cachimbo. Se demorava mais tempo a acendê-lo, irritava-se comigo, ali especada. Na altura não entendia. Hoje, quando estou a tentar fazer alguma coisa e não consigo, e os olhitos da minha Raquel cravados em mim, compreendo-o perfeitamente.

Não gosto do mês do Fevereiro. Além de ser cinzento, frio e chuvoso, lembra-me coisas tristes. Associo-o à cor preta. Ao mármore. E à chuva. Muita chuva. Fevereiro. A única coisa que tem boa é ser pequeno.

As graças deles

Mas será que eu li bem? "Primitiva de Jesus" é o nome da senhora??!!!

Depois de me ter aparecido um "Enoque", não seria de estranhar, mas estranho na mesma...

A seguir começa a conversa:

"Mais isso é para nóis pagá?"

"Mim qui tem qui fazê?"

Ah... pronto! Já podiam ter dito. Eu é que eu às vezes esqueço-me que passei por lá e convivi com eles. Não que não os grame. Mas gosto mais deles lá.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Calibre

Escroques, falcatrueiros, intrujas, biltres, embusteiros, e afins... Nas minhas três décadas já conheci alguns.

Mas não me tinha ainda deparado com um do calibre deste último. De cada nova engenharia do gamanço que lhe descubro... pergunto-me "qual será a proxima?!!!"

Parece um poço sem fundo. E não é que se possa dizer que o "senhor" seja parvo. Em tudo o que lhe deram carta branca, ele avançou. Mas em proveito próprio.

O dito trabalhava para um novo cliente que temos e, enquanto arregaço mangas e tento por ordem na barraca, aparece-me de tudo. Mas de TUDO mesmo.


O nosso cliente parece um bebé a quem tiraram o brinquedo. Chora, reclama. Exige contas e controlo do que nunca foi controlado ou contado. Enquanto o bebé dormia, o "senhor" encheu-se à grande.

O "senhor" é o típico empresário tuga. Cinquentão, bem vestido q.b., com alguma educação e o curso tirado na "escola da vida" (como tanto gostam de dizer). Não sabe de nada, não estava lá, não foi ele, isso foi fulano de tal que tratou...


Cabe-me a mim ir levantando os tapetes, gritar "há fogo!!!" de cada vez que encontro mais uma, e ir tapando os buracos (que não são poucos, nem pequenos).

O "senhor"? Deve de andar por aí, ao volante do seu Porche Cayenne, enquanto dá o meu nº de telemóvel a toda a gente e informa que já nada é dele.


Pudera. Fiquei cá eu para fechar a porta...

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Balanço

Foi uma semana com muita chuvinha. Daquela miudinha, que irrita. E daquela à séria, que molha. Entre uma catrefada de papéis, telefonemas infindáveis, problemas sem aparente solução, eis o que ficou.


Ao telefone:

Um amigo de longa data com quem não falava há séculos
:: Estás boa?
:: Eu sou boa!
:: Naaaaaa... tu és melhor que boa, melhor que óptima... és bóptima!!!!

Outro, coitadinho, que levou com o meu chasso...
:: Quero o meu carro de volta!!!
:: Temos pena.
:: Vaca!
:: ´Tás parvo? Que cena é essa de me chamar "vaca"?
:: Eu não te chamei "vaca". Chamei-te "baca" que é muuuuuito diferente!

Por volta das 20h30 de sexta feira (!!!) uma colega em pânico:
:: Eh pá... aquele assunto e tal, tens de marcar uma reunião urgente... Temos de resolver e eu esqueci-me e vê lá...
:: Ouve lá... mas tu achas que eu ando a dormir? Isso já está resolvido!!!
:: Tu... óh pá... Tu és uma Deusa!!!!


Bom... e podia ter ficado por aqui, mas não. Num fim-de-semana com duas festas de aniversário (infantis) e um lanchinho, entre a primeira festa e o lanche... bati com o carro. Nada de especial. Só chapa. E ainda tive eu de preencher a declaração amigável. O meu lado e o do "amigo".

Pobre senhor. Estava tão abananado. Tremia todo. E eu... em vez de me calar, não me contive. "Já viu? No meio do azar, teve a sorte de bater numa rapariga nova. Se fosse noutro como você, ficavam aqui a tarde toda! E o desenho havia de ficar uma coisa jeitosa..."