Novela (que podia ser mexicana) com um número infindável de episódios e protagonistas a mais, vendida em pacotes económicos aos países do leste europeu. Enredo muito intrincado, malfeitores qb, doses exageradas de sacanices, facadas nas costas e muitas figurantes com língua de porteira. A única coisa que vale a pena no meio desta salganhada toda?! A protagonista, que interpreta este argumento sem mudar uma vírgula... ou não fosse isto a sua vida.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Efeito


Tenho falhas. Tantas que me faltam os dedos. Coisas tortas, escuridão, momentos infelizes e palavras não menos tristes.
Mas sou eu. Se tento ser melhor? A cada instante, a cada batida que este coração ferrugento dá. Mas ás vezes, cada vez menos vezes, mas ainda assim mais vezes do que eu e todos gostariam, há um monstro que se apodera de tudo e, tal boi desenfreado, leva tudo à frente.
Porquê?! Pergunto-me eu e tanta gente à minha volta. Há quem diga que é feitio. Há quem diga que é defeito. Eu digo que é efeito. De vidas passadas, de tombos mal dados, de mágoas muito doridas e decepções sem fundo. É defesa sem que ninguém me ataque. É ataque do qual todos ficam indefesos.
É feio, é ruim, é triste e destrói. Mas sou eu. Se tento ser melhor? A cada segundo.
Se há esperança? Uns dias acho que sim, noutros, os mais negros, nem tanto.
E eu tenho tanta sorte. Raio da gaja nasceu com o ‘sim senhor’ virado para lua, sempre pensei. E por A mais B a vida tem me mostrado que assim é. Tirando as 3 ou 4 doenças crónicas, a cabeleira não-farta e a estrutura fraquinha, tenho uma sorte do catano.
Por isso há esperança. Por isso insisto, no ginásio, na yoga, no coaching, no que fôr. E um dia eu mato este efeito todo e viro o jogo. E ganhamos todos.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Das coisas que me fazem feliz


Sorrisos. Mãos dadas e manhãs de sabado.
Queijo fresco.  Chá preto com leite evaporado. Sumo de tomate. Salame de chocolate.
Lembrar-me que o meu irmão, quando era míudo, comia açucar ás colheradas, directo do açucareiro. E de que experimentei uma vez, já que parecia tão bom… naaaaaaa.
Ver a míuda a enrolar fiambre em sticks de queijo. E a lembrar-me de como ela entrava a correr pela merceearia da rua da minha mãe, e ía pedir ao Zé que lhe cortasse uma fatia de fiambre e lha desse enrolada em forma de charuto.
Cheiro de cabelos lavados, ainda húmidos. Mãos bonitas. Conversa, muita conversa. Sobre tudo e sobre nada. Sobre coisas triviais e sobre o que de mais importa. Com pessoas com dois dedos de testa e que sabem do que falam. Como o meu Tio José Thomas ou o meu primo Zé.
Saudades das lições do meu pai. Cada conversa tinha sempre uma lição. Do seu livrinho com todas as ruas de Lisboa e que explicava onde começava e acabava cada uma. E de como com uma paciência infinita me explicava como chegar a um sítio onde eu nunca tinha ido e ele não me podia levar. Maldito Google Maps. Sabes lá o gozo que era procurar placas com nomes de ruas ou passar pela vergonha de em plena Rua Áurea entrar numa loja e perguntar onde fica a rua do Ouro.”Mas na placa diz Rua Áurea..." Oh menina,  é aqui… o nome veio por causa da ouriversarias!!  Tão verdinha que ela era!
Música. E de cantar com alma as músicas de que gosto. E de ficar pasmada por me lembrar de letras com mais de 20 ou 30 anos e nem me conseguir lembrar de que preciso ir comprar mais leite antes de ir para casa.
Amigos. Aquelas pessoas fantásticas que te fazem sentir especial. Não que sejas mais que nínguem. Mas que te monstram amíude que significas muito e não podia ser outra pessoa que não tu.
Nestum. Ralinho e com leite morno. Pão. Mas do bom! Com côdea e que saiba a pão. Que desgosto viver num país em que não há pão de jeito. Ou que benção, porque se houvesse, eu já vestia o quarenta… e quarto!
Abraços. De urso. De família. Longos, com os braços todos e que te apertam os ossos até estalar. Fazer positivos de negativos. Fazer planos. E mais planos. E desenhos e esboços e listas. Ai, o que eu gosto de uma lista. Seja do que for.
Cheiros. Novos e antigos. E de identificar pessoas e coisas com eles. E de ter pena de não os poder guardar a todos em frascos para quando batem as saudades.
Viajar. Nem que seja até à esquina. Tudo pode ser uma aventura. Em todo o lado se podem fazer grandes descobertas. Nem que seja uma moeda de 5p que te faz sentir que ganhaste o dia. Ou as grandes que te fazem cócegas nas mãos quando ainda faltam semanas para chegarem.
A vida. A minha e a dos que me rodeiam. Dos meus. Os que me fazem rir e chorar. Os que me fazem sentir que cada dia é um presente que deve, tem de agradecido.

O coro das 5.30...


... que saudades.

Eu tinha uns 6 anos acabados de fazer. Ainda nem sabia ler. E a Cila um dia perguntou-me "Não queres ir para o coro?" E lá fui eu toda contente cantar com os outros meninos. Pareciam todos tão crescidos, tão compenetrados.
Até aprender a ler, ía inventando as letras e cantarolando toda contente.  Entretinha me a roer os cantos das folhas dos cânticos e a apreciar as grandes vozes do coro das 5.30.
Lembro-me de irmos à Sé cantar. E aquele baptizado no Páteo Alfacinha. Memórias muito queridas que ficaram para sempre. Pessoas muito especiais que não esqueço. Os Quintelas, os Montes, as Cristinas, a Susana Costa, a Sandra Novo, a Paula (que nao me lembro do sobrenome mas me adoptou desde que entrei no coro e me tratava como se eu fosse uma boneca de porcelana) o Carlos Pereira, o Fernando Oliveira e aquele magricela que tinha alcunha de guitarra ou coisa que o valha (esta memória já não é o que era) e fazia a entrada de um Hossana com uma música dos Nirvana - ou era Metallica (ai…)?!
A paciência infinita do Mário Quintela para nos aturar. A sua cara de desapontamento quando passavamos a homília na conversa e erámos prontamente chamados à atenção pelo Padre Zé. Os fins da missa em que ficávamos só mais 5 minutos para cantar mais uma música. As gaffes do microfone ligado. As idas para os bancos do fundo para onde só os mais crescidos podiam ir. E era quase um ritual de passagem quando finalmente podias ir. Durante anos achei que se discutiam coisas importantíssimas ali. Afinal não, era só uma forma de emancipacão como outra qualquer e de fugir aos olhares mais critícos
O Graças ao Senhor cantado até que a voz doesse e/ou até se ouvir na Memória. E as gerações mais novas que nos substituiram e que olhávamos de soslaio, quais Velhos do Restelo, “vocês sabem lá o que era o coro das 5.30 no nosso tempo!!
O que aprendi com o coro das 5.30? Amizade primeiro que tudo. Laços que o tempo não consegue cortar, recordações para uma vida. Que se não sabes ler uma palavra, lês 10 vezes até dizeres certo. Que ser afinada e ter voz não é a mesma coisa. Que antes de cantares não bebes água. Que se te esforçares e continuares a tentar, mesmo que falhes umas quantas vezes, um dia chegas lá. E que os nervos de cantar sozinha ou em dueto te preparam para muita coisa que vais fazer fora dali. Voz de baixo e voz de cima. Humildade e delicadeza. Não és nada sozinho/a, precisas do resto da malta para realmente ser um coro e não dizes a ninguém de caras “hoje estragaste isto tudo com a tua vozinha de cana rachada!”.
Que te podes divertir imenso a fazer coisas que nem sequer parecem divertidas. E que se nunca aprendeste a pôr os canticos por ordem, a Ana Quintela dá uma ajuda.
E que devia ter aprendido a ler música e a tocar qualquer coisa, nem que fossem ferrinhos.
O coro das 5.30 teve, tem e sempre terá um lugar especial nas meu coracao. Por todos os momentos e pessoas fantasticas que conheci. Muitas, muitas saudades! Para quando um reencontro da velha guarda?

quinta-feira, 10 de março de 2016

Whatever flows

Back again. For how long? Who knows... a day, a month, for the rest of my life. Whatever flows.
I like this little corner. A lot. Loads of memories, loads of tears, loads of laughter. And most of it, I miss it.
The words put together, the old writings, the people that used to read me.
The pure pleasure of writing and put it out there, for whoever wants to read it. I want that again. So, for as long as I fell like it, I am back. Again.