Há
dias cheguei á conclusão que já escrevi muito sobre ti, mas nunca
escrevi sobre TI. Estás implícito em tudo o que escrevo (faço, digo,
penso, sinto…) mas dei por mim a pensar que nunca escrevi sobre a tua
pessoa.
Ás vezes, so ás vezes, perco a noção
do tempo e não sei há quanto tempo os astros conspiraram para o nosso
encontro. Foi há uns anos, não foi? Acho que parecem mais do que
realmente são. Por te conhecer bem. Não tão
bem como hei-de conhecer daqui a 10 anos. Aí hei-de tirar-te de letra.
Por enquanto só te vou adivinhando alguns pensamentos e lendo a tua
expressão. Não tens muitos segredos. E os poucos que tens, já eu te
saquei.
De
como sei quando estás a planear alguma… seja agarrar-me os pés quando
subo as escadas a correr, enfiar-me as mãos frias por baixo da camisola e
gelar-me as costas até á alma, empurrar-me comida (que eu disse
educadamente que não queria) á força pela boca abaixo ou soprar-me nas narinas (esta é qualquer coisa de nojento… mas pronto… por amor, sofre-se!).
Mas
sim, já sei quando planeias estas maldades. E também já sei (no início
não sabia) que é a tua forma de me mostrares que estás feliz. Sim, há
gajas que têm uma vida desgraçada e quandos os maridos/amantes/namorados
lhes querem mostrar que estão felizes, compram-lhes flores ou levam-nas
a jantar fora. Homem que é homem (como tu) prega-lhes
sustos de morte, quase que as sufoca com um pedaço de bolo pela goela
abaixo, esfrega-lhes yogurte nas bochechas ou faz-lhes cócegas até, já a
chorar de dor, ela implorar para que parem!
Há malta que não sabe o que é ser feliz, é o que é...
Tal
como também sabes que sempre que levas uma tapona na testa, daquelas
que até estalam, estou a dizer-te, bem lá no fundo, tudo o que
significas para mim.
Ou quando te viras para mim no meio de uma conversa banal “Cala-te caralh… que já não te posso ouvir!”
e depois te desmanchas a rir e me abraças… eu sei que no fundo, bem lá
nesse teu fundo de caramelo brejeiro estás-me a dizer o quão importante
sou para ti (isso e que já não me podes ouvir!).
E mesmo quando me dizes com um ar paternalista "Não podes querer tudo!", eu sei e tu sabes, que secretamente conspiramos ambos para o "tudo".
De
como as nossas conversas sérias se tornam naturais e as naturais em
paródia. Ou
de como és a única pessoa que conheço á face da Terra a quem gelam as
bochechas quando exageras nos doces. Eu sempre disse que tu eras um E.T.
Mas
seja como for, o que eu queria escrever mesmo era que tu sabes, eu sei e
o resto são cantigas. Como aquelas que eu canto no duche enquanto tu,
com ar sério, perguntas “Mas quem é que te disse que sabias cantar?! Foi a maẽzinha, nao foi?”.
De como gosto do equilíbrio que temos, seja eu a dizer “Deixa lá, podia ser pior” e tu a responderes “Vai ser pior!”,
ou de como o teu pessimismo exarcebado equilibra o meu optimismo
desenfreado. De como os teus pés bem assentes na terra me mantêm por
perto e servem de âncora ao meu balão de sonhos loucos e ideias menos
convencionais.
Estás
lá em todos os meus pesadelos, para me acordar. Fazes parte de todos os
meus sonhos. Dos normais aos mais estrambólicos. E a cada dia que passa
mais me convenço que só podias ser TU. Grande e paciente. Negativo e
consciente. Palhaço e amoroso. Meigo e exigente. TU.
Podia
dizer que te amo com todas as células do meu corpo, que não vivo sem ti
e que tudo gira á tua volta. Mas é tão mais que isso… é uma questão de
pele, a dor física quando não estas, a visão turva quando não estamos bem, mas que bem pode chover a potes e trovejar quando
estamos sintonizados. É saber que vou contigo até ao fim do Mundo, seja
lá isso onde for e saber que salto assim que me digas "Jump!"sem fazer perguntas que não sejam "How high?".
Mas
do que gosto mesmo, e tu sabes, é daquele sorriso. Aquele especial que
tu pões como quem veste uma roupa especial num dia de festa. E esse, eu
sei que quem te dá sou eu. E no fundo é só disso que eu preciso.
*
este texto foi o ÚNICO neste blog a passar pela censura (sim, que eu ainda tenho amor á vida!)