Novela (que podia ser mexicana) com um número infindável de episódios e protagonistas a mais, vendida em pacotes económicos aos países do leste europeu. Enredo muito intrincado, malfeitores qb, doses exageradas de sacanices, facadas nas costas e muitas figurantes com língua de porteira. A única coisa que vale a pena no meio desta salganhada toda?! A protagonista, que interpreta este argumento sem mudar uma vírgula... ou não fosse isto a sua vida.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Oh simply thing where have you gone

A minha Kika comecou a viajar com um ano e um mes. Viagens de 7 horas, todos os 2, 3 meses. Fazia-as com a habilidade de um passageiro frequente. Dormia 5 horas e quando acordava toda fresca, baixava a mesa a sua frente e perguntava “O que vamos faxer?”

As viagens duraram ate Abril de 2005 ponto em que desenvolveu uma reacao estranhissima de nome estrambolico comecado por psico something, que traduzido nao era mais que falta de raizes. E eu tratei de lhe as dar, ou pelo menos tentei.

Depois de 3 anos de vida de cigana, acampamos em casa de avo, e raizes nao faltaram, pelo menos nos 4 anos seguintes. Porque a vida nos surpreende quando menos esperamos, aos 8 fiz dela emigrante. Nao foi uma decisao tomada de animo leve, tipo ‘bora la a mais uma experiencia com a catraia. Envolveu muita conversa, alguma a laia de discussao, muita noite mal dormida, muito “e se?”. Resolvidos (ou calados) os “ses” fizeram-se malas, jantares e pic-nics de despedida. Alargaram-se distancias que ainda hoje doem, mas o balanco e’ mais que positivo.

Pelo meio houve de tudo um bocadinho. Do bom e do mau. Desde o aprender a nadar aos 5 anos ao gabinete da pedopsiquiatra mais ao menos pela mesma altura. A mesma que me disse “O que a Raquel precisa e’ da mae, o seu porto seguro”.

com a emigracao vieram coisas novas. Familia nova, amigos novos, habitos novos e ate comidas novas. Diz la agora que nao gostas de pizza miuda! E uma lingua nova, que ela aprendeu tao depressa que hoje e’ ela quem nos ensina palavras como mellifluous (??) (Adjective; flowing like honey, sweet and smooth; generally used of a person's voice, tone or writing style).

De personalidade com tantos vincos como um lencol acabado de sair da maquina de lavar, a cara chapada do pai (mas linda, linda!!) um feitio tao torcido que so pode sair a mae e uma mood tipo interruptor, ora para cima, ora para baixo, a Kika mais parece uma mini me com resquicios de bipolaridade.

Sera dela, sera de mim? Das hormonas? Dos genes ou talvez ate do ar? O que interessa? Contraria-se o que se acha que se deve contrariar, principalmente as faltas de respeito e os amuos caprichosos. Castiga-se, conversa-se, faz-se o melhor que se sabe. O resto? Conta-se ate 10, 20 as vezes 30 ou ate mais. E isso ou uma batalha campal todos os dias.

Nos dias bons, penso nela pequenita, de cachos encaracolados, cheia de vida a dizer coisas como “estou preciosa para ir para a piscina” ou a chamar putas as bruxas, que os erres eram coisa que nao lhe assitia. Nos dias maus, lembro-me da Americana em Key West que me disse “a minha filha foi uma verdadeira cabra para mim dos 13 aos 21anos, mas depois passou-lhe”. E fico a espera que lhe passe.

Do alto dos seus 11 anos, oito meses e 4 dias, quase tao altos como eu,  dizia-me ela no outro dia que ainda cedo para ter namorado. A nao ser que seja  giro. Mas que eu nao me preocupe porque nao ha la nenhum giro.

Que a boniteza falhe aos moços por mais uns aninhos e esta tudo bem, certo?


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