Novela (que podia ser mexicana) com um número infindável de episódios e protagonistas a mais, vendida em pacotes económicos aos países do leste europeu. Enredo muito intrincado, malfeitores qb, doses exageradas de sacanices, facadas nas costas e muitas figurantes com língua de porteira. A única coisa que vale a pena no meio desta salganhada toda?! A protagonista, que interpreta este argumento sem mudar uma vírgula... ou não fosse isto a sua vida.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Das reclamações


Uma vez por ano posso queixar-me dos comboios. Hoje é o dia! Ao que chega uma tipa que pelas vicissitudes de viver num país civilizado quase nunca consegue queixar-se de alguma coisa. Isto para uma portuguesa é como tortuta chinesa! 

Há dias ía escrever uma carta a reclamar de uma situação que se passou na escolar dos miudos, toda contente e cheia de razão, quando o meu gajo leu e me estragou o gozo todo “Olha, lá já pensaste que pode ter sido outra coisa?”. E pronto lá se me foi o poder de argumentação todo para as cucuias e larguei aquela que seria a minha primeira e devidamente inflamada reclamação neste país.

O problema é que os gajos não dão azo para uma pessoa reclamar. E já estou farta de reclamar do tempo, que bem vistas as coisas não é culpa de ninguém.

Posto isto, os comboios hoje estavam parvos. Aquilo a que os tipos chamam de “signal failure”. O que significa que por não haver semáforos os gajos não andam! Ora se isto fosse em Portugal, estava tudo resolvido, porque não haveria de ser um sinal luminoso defeituoso que iria parar o maquinista. Haveriam de morrer uns quantos passageiros, mas quem é que se preocupa com isso?!

Aqui, com todas a medidas de Health & Safety e a histeria de fazer tudo certinho senão ainda morre alguém e vamos todos presos (e é que vão mesmo!) toca de parar os comboios todos.

E vai daí, eu que nunca tenho hipótese de recalamar de nada, faço o gosto ao dedo, e num comboio apinhado de gente atrasada para o emprego largo tiradas como “The driver is probably still in bed! Signal failure, my ass!”  E perante os risos e olhares concordantes dos demais, continuo “If it’s not the rain it’s the snow, and now they just made up a new excuse to run late”.

No fim, recosto-me no assento, beberico o meu cházinho e digo alto “Well, for once I’m late and it’s not my fault! I might as well relax and enjoy it!!". E leio o Metro (sim a gente aqui também temo Metro. Mas em inglês, bem escrito e com menos dispartes que o vosso!).

E depois de o conductor se desculpar 3 vezes nos últimos 10 minutos, o que faz uma pessoa pensar que ele deve estar na cabine a autoflagelar-se com um chicote, tal é a voz de sofrimento, lá decidem cancelar o comboio e toca de ir tudo, feito carneirinho, á procura de outro.

Contas feitas, o meu comboio da 7h34 foi cancelado e só apanhei um comboio as 8h05, tendo chegado ao trabalho 20 min atrasada.

Isto não se faz pá! Fosse o Salazar a mandar neste país e os comboios andavam todos na linha (ai… já andam!) e a horas! E condutor que se atrasasse ía parar ao Tarrafal!!!

Este país assim não avança pá! Comboios cancelados/atrasados pouco mais de uma vez por ano??? Onde é que isto já se viu?! Qualquer dia passam-se e começam a dar descontos ás pessoas, sempre que estão abaixo de 90% de pontualidade… Ah… isso já fazem.

Pronto, já fiz o gosto ao dedo. Agora só posso reclamar outra vez para o ano. Isso, ou rezar para que neve muito. Mas isso ainda tenho de ver quem é que vou culpar…. Ou atiro aquela do “Aqui a culpa morre sempre solteira, não é???!!!” que fica sempre bem.

3 comentários:

Anónimo disse...

A tag "disparates" parece-me apropriada.

nf

Maria Feliz disse...

Eu sempre fui muito dada a disparates meu rapaz! Sendo que tu és o preferido! :)

Inês disse...

lamento desapontar-te mas aqui há dias o Metro não estava a funcionar por 'avaria na sinalização'!