Novela (que podia ser mexicana) com um número infindável de episódios e protagonistas a mais, vendida em pacotes económicos aos países do leste europeu. Enredo muito intrincado, malfeitores qb, doses exageradas de sacanices, facadas nas costas e muitas figurantes com língua de porteira. A única coisa que vale a pena no meio desta salganhada toda?! A protagonista, que interpreta este argumento sem mudar uma vírgula... ou não fosse isto a sua vida.

segunda-feira, 14 de março de 2016

O coro das 5.30...


... que saudades.

Eu tinha uns 6 anos acabados de fazer. Ainda nem sabia ler. E a Cila um dia perguntou-me "Não queres ir para o coro?" E lá fui eu toda contente cantar com os outros meninos. Pareciam todos tão crescidos, tão compenetrados.
Até aprender a ler, ía inventando as letras e cantarolando toda contente.  Entretinha me a roer os cantos das folhas dos cânticos e a apreciar as grandes vozes do coro das 5.30.
Lembro-me de irmos à Sé cantar. E aquele baptizado no Páteo Alfacinha. Memórias muito queridas que ficaram para sempre. Pessoas muito especiais que não esqueço. Os Quintelas, os Montes, as Cristinas, a Susana Costa, a Sandra Novo, a Paula (que nao me lembro do sobrenome mas me adoptou desde que entrei no coro e me tratava como se eu fosse uma boneca de porcelana) o Carlos Pereira, o Fernando Oliveira e aquele magricela que tinha alcunha de guitarra ou coisa que o valha (esta memória já não é o que era) e fazia a entrada de um Hossana com uma música dos Nirvana - ou era Metallica (ai…)?!
A paciência infinita do Mário Quintela para nos aturar. A sua cara de desapontamento quando passavamos a homília na conversa e erámos prontamente chamados à atenção pelo Padre Zé. Os fins da missa em que ficávamos só mais 5 minutos para cantar mais uma música. As gaffes do microfone ligado. As idas para os bancos do fundo para onde só os mais crescidos podiam ir. E era quase um ritual de passagem quando finalmente podias ir. Durante anos achei que se discutiam coisas importantíssimas ali. Afinal não, era só uma forma de emancipacão como outra qualquer e de fugir aos olhares mais critícos
O Graças ao Senhor cantado até que a voz doesse e/ou até se ouvir na Memória. E as gerações mais novas que nos substituiram e que olhávamos de soslaio, quais Velhos do Restelo, “vocês sabem lá o que era o coro das 5.30 no nosso tempo!!
O que aprendi com o coro das 5.30? Amizade primeiro que tudo. Laços que o tempo não consegue cortar, recordações para uma vida. Que se não sabes ler uma palavra, lês 10 vezes até dizeres certo. Que ser afinada e ter voz não é a mesma coisa. Que antes de cantares não bebes água. Que se te esforçares e continuares a tentar, mesmo que falhes umas quantas vezes, um dia chegas lá. E que os nervos de cantar sozinha ou em dueto te preparam para muita coisa que vais fazer fora dali. Voz de baixo e voz de cima. Humildade e delicadeza. Não és nada sozinho/a, precisas do resto da malta para realmente ser um coro e não dizes a ninguém de caras “hoje estragaste isto tudo com a tua vozinha de cana rachada!”.
Que te podes divertir imenso a fazer coisas que nem sequer parecem divertidas. E que se nunca aprendeste a pôr os canticos por ordem, a Ana Quintela dá uma ajuda.
E que devia ter aprendido a ler música e a tocar qualquer coisa, nem que fossem ferrinhos.
O coro das 5.30 teve, tem e sempre terá um lugar especial nas meu coracao. Por todos os momentos e pessoas fantasticas que conheci. Muitas, muitas saudades! Para quando um reencontro da velha guarda?

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