Novela (que podia ser mexicana) com um número infindável de episódios e protagonistas a mais, vendida em pacotes económicos aos países do leste europeu. Enredo muito intrincado, malfeitores qb, doses exageradas de sacanices, facadas nas costas e muitas figurantes com língua de porteira. A única coisa que vale a pena no meio desta salganhada toda?! A protagonista, que interpreta este argumento sem mudar uma vírgula... ou não fosse isto a sua vida.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Conselhos de amigo

Exemplos sao o que nao falta...
- Na Suíça ganha seis vezes mais do que um enfermeiro em Portugal
- Se tivesse ficado em Portugal estaria no desemprego (Estado Unidos da America)
- Com um orçamento familiar de 6.500 euros, tem a certeza de que está num dos países com melhores infra-estruturas para construir uma família (Luxemburgo)
- Por mês, obtém um rendimento de 2.700 euros líquidos fora prémios que podem ascender aos seis mil euros anuais. Londres foi a cidade escolhida por considerar ser "de longe a que tem mais oferta nessa área".

...

Tenho duas das minhas melhores amigas no desemprego há largos meses. Mais uns quantos com ordenados em atraso e outra em risco de ficar sem emprego no início do próximo ano.
E o pior é que a tendencia nao é para melhorar nos próximos tempos. Muito antes pelo contrário...

Se por um lado, fico bastante contente com a decisao que tomei há um ano e meio, por outro, nao posso deixar de estar triste e desiludida com o país que deixei para trás.

Nao que tudo sejam maravilhas mas a adaptaçao tambem nao foi dolorosa. Ninguém me espeteu agulhas nos olhos ou coisa parecida. Foi mais o choque de viver num país com uma cultura completamente diferente. Em que as diferenças se dissipam porque sao aceites, o respeito pelo próximo existe (!!!!), pagamos impostos mas sabemos onde eles sao empregues.

Tenho saudades, muitas. Da família e dos amigos, do clima e da comida. Do cafézinho a seguir ao almoço. Da conversa da treta á hora do almoço (trocada por meia hora e uma sanduiche engolida á pressa…). De viver perto do mar, dos pastéis de Belém e dos croquetes.

Mas há dias falava-se da possibilidade de voltarmos a Portugal. E ouriçaram-se-me os pelos da nuca só de pensar nisso… “Como é que é???” Nao me parece! A ser, ía ser do catano. No mau sentido. Tomam-se algumas coisas, simples, como garantidas e nao há volta a dar.

Tenho uma vidinha com níveis de stress muito baixos. Em que a pior coisa que me aconteceu esta semana foi o avariar da máquina de lavar loiça. Em Portugal tinha um rol de eventos stressantes todos os dias. Nao só pela profissao que tinha, mas pelo país em que vivia.

Uma consulta é um stress, uma reuniao é um stress, o transito é um stress, os chefes sao um stress... Enfim!
Aqui sou respeitada pelo que faco. E muito bem paga. Considerando que recebo 2,700 euros para fazer trabalho administrativo, das 8h as 5h e com a possibilidade de trabalhar em casa quando me dá jeito (um luxo!!!). E depois sao os transportes que funcionam, a saude que nao custa nada e é sempre fácil marcar consultas, a segurança que se sente, o ar que, talvez por ser mais frio, se respire muito melhor.

E posto isto, acho que quando o senhor Coelho disse aos professores no desemprego para emigrarem lhes estava a dar um conselho de amigo. Tenho apenas em prespectiva o país onde vivo, mas garanto-vos que aqui há trabalho, aqui há justiça social, aqui há políticos responsaveis (sim, existem mesmo!). E nao julguem que me iludo, pois é claro que também ha coisas más. A questao é que a proporcao é menor, logo o resultado compensa.

Agora facam-me um favor e parem de dizer ao senhor Coelho e á corja dele para emigrarem. É que a gente que aqui vive nao merece, ok?

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