Novela (que podia ser mexicana) com um número infindável de episódios e protagonistas a mais, vendida em pacotes económicos aos países do leste europeu. Enredo muito intrincado, malfeitores qb, doses exageradas de sacanices, facadas nas costas e muitas figurantes com língua de porteira. A única coisa que vale a pena no meio desta salganhada toda?! A protagonista, que interpreta este argumento sem mudar uma vírgula... ou não fosse isto a sua vida.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Pai e Mãe

Já ando há que tempos a mastigar este texto. Ontem convenci-me de que me “esqueço” propositadamente desta questão. Que tento não pensar nela, para não constatar a gravidade da mesma.

Toda a gente me diz que a Kel está bem, dentro das circunstâncias. Que muito boa está ela, para aquilo que tem passado.

Ela não fala comigo sobre o assunto. Desabafa com a avó. Na escola, a professora diz que ela deixou de falar nele…Há dias em que a noto mais triste, pensativa, muito longe. Nunca me diz o que é.

De há umas semanas para cá, acorda a meio da noite e vai-se enfiar na cama com a avó.
Não vem para minha porque é de solteira e na cama da avó tem mais espaço. Tem feito isto todas as noites.

Quem seria suposto preocupar-se com ela, protegê-la, vê-la, levá-la a passear, telefonar-lhe… não dá as caras há quase dois meses. Não posso dizer à Kel que não o faz porque não quer, mas a realidade é essa. Por mais dura que seja. Não sei qual é motivo, mas sei que não passa de puro capricho... e as etiquetas mais brandas que me vêm à ideia são "abandono" e "negligência".

Muitas vezes já vi o olhinho triste da minha filha, quando vê pais e filhas na brincadeira ou nos miminhos.

Posso tentar ser pai e mãe, mas sei que isso não chega. Frustra-me não conseguir fazer muito mais. Compenso-a com muito mimo, com alguma condescendência a birras que noutras alturas não toleraria, com brincadeiras e com a certeza que a amo acima de tudo. E isso digo-lhe todas as noites, quando a vou deitar.
Como mãe, desgosta-me não ter conseguido dar à minha filha aquilo que tive na minha infância. Um Pai amigo, companheiro, protector, brincalhão... Uma família.

Mas o melhor que podia fazer por ela, já fiz. Apaixonei-me por um homem maravilhoso, que é para a Kel aquilo que ela nunca teve, um Pai como ela merece. Como todas as crianças merecem.
E dentro em breve seremos uma família. A nossa FAMÍLIA.

9 comentários:

João Paulo Cardoso disse...

E dessa vez é que vai ser.

O que arduamente se conquista duplamente se saboreia.
(frase adaptada por mim para este caso, ou melhor dizendo, para este casal)

Beijos e felicidades.

Maria Feliz disse...

Amigo,
(estranho tratar-te assim sem nunca te ter visto, mas é um facto...)

Obrigada pelo comentário tão querido.
E é que é mesmo desta! Não tem erro.

Beijoca grande

João Maria rebelo de Andrade disse...

muito bem, nao deixes de procurar que todos tenham excelente relaçao, a bem da tua filha,que dentro de todos é o mais importante.nao criar barreiras etcetc

João Maria rebelo de Andrade disse...

e que o pai consiga ler o comentario,e que tome a opçao certa, de estar sempre ao lado da filha, e nao chorar no futuro

Maria Feliz disse...

João,

Obrigada pelos comentários, sempre tão simpáticos. Tudo bem com vocês? Espero que sim.

Graças a Deus e a todos os anjos e Santos, o dito nem sonha que eu tenho um blog. Antes assim.

Beijo

ana v. disse...

É triste, Flora. E estúpido, estando o pai vivo. Mas um dia a tua filha vai saber entender que fizeste tudo o que estava ao teu alcance, e quem sabe até ser capaz de perdoar ao pai. Parabéns para ti e para ela, por essa nova família que a vai fazer muito feliz, vais ver.
Beijinhos
Ana

Mad disse...

Não tenho dúvida que a tua miúda, esperta como é, um dia vai dar o devido desconto a um pai idiota que não tem absoluta noção da filha que tem. E Deus queira que ele não venha mais tarde a passar pelo desgosto de ela chamar pai a outro no sentido lato e olhar para a relação com o próprio pai como se de um acidente biológico se tratasse.

Um bocadito confuso, agora que leio, mas tu percebes. E assim respondo ao teu emeile, que não tenho tempo para mais.

Anónimo disse...

Eu, estou de fora, não a conheço, por isso não vou ser piedosa.

Aconteceu comigo.

Vou ser crua.

tudo depende da criança e do seu feitio e da sua interiorização.

Separei-me quando o meu filho tinha três anos.
O (que aqui ninguém nos ouve) idiota do pai, esteve o primeiro ano sem o ver, mesmo tendo eu telefonado para ele vir ver o filho, vezes sem conta.
Quando apareceu, foi como tivesse aparecido o pai Natal.
Sofreu sempre por o pai e a mãe estarem separados e ainda hoje homem feito, tem pena do pai.
Esta pena, inclui algumas alfinetadas à mãe.


beijinhos

Maria Feliz disse...

Olá Marta,
Benvida ao tasco!

Não me parece que a minha filha vá equiparar a volta do pai (a acontecer) a uma visita do Pai Natal... Mas nunca se sabe!
Quando nos separámos, ela também tinha 3 anos, não foi fácil, mas parece-me uma ferida a sarar devagarinho. Acima de tudo, quero fazê-la entender que o facto de o pai não a visitar não é culpa dela.

Tenho medo das consequências desta falha grave, principalmente a nível da sua auto-estima. Mas sei que tenho um bom apoio familiar. Não resolve, não apaga, mas ajuda e MUITO.

Obrigada pelo comentário.
Beijo

PS: Mad e Ana, não vos respondo aos comentários, que vocês conhecem a peça e não vale a pena bater mais no ceguinho... Beijos