Novela (que podia ser mexicana) com um número infindável de episódios e protagonistas a mais, vendida em pacotes económicos aos países do leste europeu. Enredo muito intrincado, malfeitores qb, doses exageradas de sacanices, facadas nas costas e muitas figurantes com língua de porteira. A única coisa que vale a pena no meio desta salganhada toda?! A protagonista, que interpreta este argumento sem mudar uma vírgula... ou não fosse isto a sua vida.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Aos sábados

A Ana e o António estão na casa dos 30 e são casados há muito tempo. Tanto que, normalmente, se esquecem quanto.
A Ana e o António até gostam um do outro, mas há muito que deixaram de se "entusiasmar" um com o outro. Há muito mesmo. A Ana é bonita, mas está sisuda e recalcada. O António está gordo e a precisar de uma lavagem de estrada. Mas toda a gente acha que estão perfeitos, num casamento perfeito, numa vida mais que perfeita.
A Ana não fala de sexo com as amigas. O António exibe-se aos amigos. Diz que a Ana é uma bomba na cama, que o deixa louco e saciado. Gaba-se de comer tudo o que mexe, mas tomara ele mexer-se mais.
Aos sábados, lá em casa, é dia de lavar a roupa escura. Dia de lavar a casa-de-banho. De arejar o quarto e a sala. E o corpo. Aos sábados é dia de sexo. O António bem gostava que assim não fosse. Gostava que a Ana fosse mais dada. Que a máquina de lavar a roupa participasse na rambóia, durante a centrifugação. Mas a Ana nunca muda o figurino. Nunca. E é sempre e só aos sábados.
O António lembra-se de ser miúdo e sonhar com a Tieta. Com a areia, o calor e a loucura de uma mulher mais velha. A Ana sonha com o Roque Santeiro. Gostava de ser uma viúva Porcina, louca e insaciável. No fundo, lá bem no fundo, ela até é assim... mas recalca-se, aguenta-se, esconde-se. Aos sábados, até gostava-se de se soltar. Mas o António já não lhe dá pica nenhuma.
Por isso, aos sábados, a festa lá em casa é morna. Sempre igual, sempre no mesmo figurino, sempre na mesma onda.
E a Ana e o António sonham com novelas, na flor dos 30, num casamento que dura, mas não aquece.

2 comentários:

Ana Casqueira disse...

Fonix!!!
Até tive pena da Ana e do António!!!...
Uma terapia de casal poderia ajudar, não?! Conheço uma optima psicolga que trata destes assuntos...
Eu não cheguei a fazer terapia de casal, eu sou mais do género, está mal muda-se, mas há quem goste de tentar...
Oh Ana, oh António... Bolas... façam qualquer coisinha, nem que seja pedirem o divórcio!!!
Viver nessa "vidinha" é que não está a dar com nada, muito menos quando ainda se tem 30 anos!!!
Upppa, uppa!!! Toca a reagir...

Maria Feliz disse...

Aninha,

Eles podiam ser (apenas) fruto da minha imaginação, mas infelizmente, sabemos que eles existem...