Novela (que podia ser mexicana) com um número infindável de episódios e protagonistas a mais, vendida em pacotes económicos aos países do leste europeu. Enredo muito intrincado, malfeitores qb, doses exageradas de sacanices, facadas nas costas e muitas figurantes com língua de porteira. A única coisa que vale a pena no meio desta salganhada toda?! A protagonista, que interpreta este argumento sem mudar uma vírgula... ou não fosse isto a sua vida.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Das paixoes



Dos meus ex namorados há pelo menos 3 que me odeiam visceralmente. O número pode aumentar para 4 ou até 5. Mas com certeza, sei de 3. Sao os tres que fizeram peixaradas á minha porta, me chamaram tudo e mais alguma coisa, me apagaram do hi5, do facebook, da vida. Que usaram de tudo para saber da minha vida. Um pelas amigas, outro mandando seguir-me e tendo meia Lisboa a controlar os meus passos (o que faz ter guito e conhecer muita gente). O terceiro, quase que nao diria que o ódio e visceral, mas lá perto. Nao me mandou seguir ou controlou os meus passos, mas durante uns tempos andou a rondar-me o blog como se nada fosse.

Os outros dois serao sempre uma incógnita. Esvaneceram no ar. Nao que a coisa tivesse acabado bem, longe disso. Mas finaram-se de uma maneira que nao sei dizer se me odeiam ou nao. 

Depois há aqueles em que o trauma nao foi assim tao grande, em que a educacao, a moral e os bons costumes (deles e meus) permitiu que as coisas permanecessem civilizadas até hoje. Desses, tenho o número de telefone, o email, o facebook, a morada de casa. E sei que se um dia, por qualquer motivo lhes ligue ou escreva, vao receber-me com um sorriso, responder-me prontamente e perguntar se está tudo bem, com vontade de saber a resposta.

Nao que sejam melhores pessoas que os primeiros (no fundo, até sao) mas nao houve estrago de maior. Nao houve choradeira e finais dramáticos. Nem deles, nem meu. Lembro-me de um deles no dia em que terminámos dizer-me enquanto me abracava “Tu nao precisas de um namorado, precisas de um amigo!”. E nesse dia amaldicoei-me por nao me ter apaixonado por ele. Mas estas coisas nao se escolhem. Quanto muito procuram-se. E sim, eu procurei algumas! Meti-me em algumas alhadas jeitosas. Mas fui-me safando. 

No fundo, continuo fiel a máxima de que mais vale arrependermo-nos do que fazemos do que daquilo que deixamos por fazer. Por isso fiz tudo. Desde 400km pelo Brasil profundo atrás de sacana que me trocou por tudo o que tinha saia. Outros 2 mil e tal kms/mes durante um ano e meio, quando todo o santo fim de semana ía para a parvónia porque tinha a certeza que ele era o homem da minha vida. 

Se me arrependo? Talvez sim, talvez nao. 

Nao fosse um deles e nunca teria ouvido Ornatos Violeta ou Emir Kusturica e Goran Bregovic. Outro e nao teria visto “O fabuloso destino de Amélie Poulain”. E o Pascal Obispo (cujo nome é um anagrama para Pablo Picasso. Sabiam?!). 
 E toda a discografia pop dos anos 80. Sim ele tinha TUDO o que possam imaginar de música dos anos 80. E dancava que fazia raiva!

E The Prodigy. Ok, nao gosto, mas ao menos posso dizer que conheco. Nunca teria ouvido Miguel Torga a ser lido para mim. Nunca teria ido a Manchester (agora, talvez fosse mais fácil). Nunca teria ido ao Bairro Alto tantas vezes e até tao tarde. Talvez nunca tivesse recebido uma carta de amor. Daquelas que se escrevem quando se está perdidamente apaixonado, de coracao nas maos e se escreve carradas de vezes que vai ser para sempre. Talvez nao tivesse escrito tantas. Talvez nao tivesse escrito um diário, porque ele estava longe. Mas assim nao lho poderia ter dado e visto os olhos dele brilharem (gajos de letras… a gente escreve-lhes e eles derretem-se). Talvez nunca me tivessem feito uma serenata (ok, ele nao chegou a cantar, mas nao fez diferenca!).

Talvez nunca viesse a descobrir que a capital de Madagáscar é Antananarivo (geografia nunca foi o meu forte). Ou de que nao gosto de gin tónico. Mas adoro quizzes e adorei ganhar um no Montijo há uns anos atrás (a vitoria foi matraquilhada pelo dono do estabelecimento, mas isso agora nao interessa nada).

Ou que conduzir um Volvo x90 novinho em folha com o travao de mao puxado acima vai fazer alguém ficar muito mal disposto…. (epic failure!). 

Talvez nunca tivesse dancado tanto e tao bem. Talvez nunca tivesse rido tantas vezes, com tanto gosto ou chorado outras tantas.

Mas sempre aprendi alguma coisa, certo? Certo! Tal como aprendi que há coisas na vida que nao se forcam. Nao se fingem, nao se conseguem só porque se quer muito.

E aprendi a dar valor a quem tenho comigo. E a todos os momentos, por mais pequenos que sejam. E a fazer tudo de coracao. Sempre.

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