E desconfiado ainda vive! Nem sei bem porque é que me lembrei deste episodio hoje, mas
cá vai disto.
Eu devia ter os meus 20 aninhos (passou-se no ano passado,
portanto. Toda a gente sabe que eu tenho 21…) e andava na faculdade. Namorava
há 4 anos com a minha paixão assolapada (assim rotulada pela minha Mãe) a
criatura mais possessiva, ciumenta e desconfiada á face da terra.
Naquele tempo eu apanhava o eléctrico quase á porta de casa
por volta das 7h da manhã, até Alcantara, onde depois apanhava o 24 debaixo da
ponte (literalmente).
Uma dessas manhãs encontro o Miguel, namorado de uma amiga
minha, no eléctrico e vamos os dois em amena cavaqueira ate á minha paragem onde
eu saio e ele continua lá para onde quer que ele fosse.
Á minha espera na paragem, o bom do meu namorado, no carro
dele (um Fiat Panda vermelho, descapotável mais ferrugento que sei lá) com cara
de poucos amigos. Eu ainda meia parva de o ver ali, entro para o carro e levo
com um “Com quem é que tu vinhas no eléctrico?!”.
Eu feita tontinha a achar que o tipo me tinha vindo fazer
uma surpresa. Pois sim! Tinha-me era topado no eléctrico com um gajo, tinha-me seguido
(!!!) e agora estava ali para limpar a honra dele! Que namorada minha nao se ri
assim para qualquer um… e puseste-lhe a mão no braco. E quem é o gajo???
A achar a cena surreal (mas não cabra o suficiente – ainda –
para o deixar a falar sozinho) lá o deixei refilar e cuspir as frustracoes
todas até lhe dizer o nome do rapaz, por acaso amigo dele também.
Ah e tal que não parecia, de fora do eléctrico nao dava para
ver.
Nem se chegou a arrepender da cena que fez. Amuou porque não
entendia o que era tão divertido para a gente se estar a rir ás 7 e tal da
matina.
Esta foi só uma das muitas cenas que ele me fez. As outras
todas também a rocar o surreal e cheias de parvoíce… E sim, foi só aos 20 anos
que eu percebi que os homens conseguem ser muito parvos.
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