Novela (que podia ser mexicana) com um número infindável de episódios e protagonistas a mais, vendida em pacotes económicos aos países do leste europeu. Enredo muito intrincado, malfeitores qb, doses exageradas de sacanices, facadas nas costas e muitas figurantes com língua de porteira. A única coisa que vale a pena no meio desta salganhada toda?! A protagonista, que interpreta este argumento sem mudar uma vírgula... ou não fosse isto a sua vida.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

We found love in a hopeless place *


Há dias cheguei á conclusão que já escrevi muito sobre ti, mas nunca escrevi sobre TI. Estás implícito em tudo o que escrevo (faço, digo, penso, sinto…) mas dei por mim a pensar que nunca escrevi sobre a tua pessoa.

Ás vezes, so ás vezes, perco a noção do tempo e não sei há quanto tempo os astros conspiraram para o nosso encontro. Foi há uns anos, não foi? Acho que parecem mais do que realmente são. Por te conhecer bem. Não tão bem como hei-de conhecer daqui a 10 anos. Aí hei-de tirar-te de letra. Por enquanto só te vou adivinhando alguns pensamentos e lendo a tua expressão. Não tens muitos segredos. E os poucos que tens, já eu te saquei.

De como sei quando estás a planear alguma… seja agarrar-me os pés quando subo as escadas a correr, enfiar-me as mãos frias por baixo da camisola e gelar-me as costas até á alma, empurrar-me comida (que eu disse educadamente que não queria) á força pela boca abaixo ou soprar-me nas narinas (esta é qualquer coisa de nojento… mas pronto… por amor, sofre-se!).

Mas sim, já sei quando planeias estas maldades. E também já sei (no início não sabia) que é a tua forma de me mostrares que estás feliz. Sim, há gajas que têm uma vida desgraçada e quandos os maridos/amantes/namorados lhes querem mostrar que estão felizes, compram-lhes flores ou levam-nas a jantar fora. Homem  que é homem (como tu) prega-lhes sustos de morte, quase que as sufoca com um pedaço de bolo pela goela abaixo, esfrega-lhes yogurte nas bochechas ou faz-lhes cócegas até, já a chorar de dor, ela implorar para que parem!

Há malta que não sabe o que é ser feliz, é o que é...

Tal como também sabes que sempre que levas uma tapona na testa, daquelas que até estalam, estou a dizer-te, bem lá no fundo, tudo o que significas para mim.

Ou quando te viras para mim no meio de uma conversa banal “Cala-te caralh… que já não te posso ouvir!” e depois te desmanchas a rir e me abraças… eu sei que no fundo, bem lá nesse teu fundo de caramelo brejeiro estás-me a dizer o quão importante sou para ti (isso e que já não me podes ouvir!).

E mesmo quando me dizes com um ar paternalista "Não podes querer tudo!", eu sei e tu sabes, que secretamente conspiramos ambos para o "tudo".

De como as nossas conversas sérias se tornam naturais e as naturais em paródia. Ou de como és a única pessoa que conheço á face da Terra a quem gelam as bochechas quando exageras nos doces. Eu sempre disse que tu eras um E.T.

Mas seja como for, o que eu queria escrever mesmo era que tu sabes, eu sei e o resto são cantigas. Como aquelas que eu canto no duche enquanto tu, com ar sério, perguntas “Mas quem é que te disse que sabias cantar?! Foi a maẽzinha, nao foi?”.

De como gosto do equilíbrio que temos, seja eu a dizer “Deixa lá, podia ser pior” e tu a responderes “Vai ser pior!”, ou de como o teu pessimismo exarcebado equilibra o meu optimismo desenfreado. De como os teus pés bem assentes na terra me mantêm por perto e servem de âncora ao meu balão de sonhos loucos e ideias menos convencionais.

Estás lá em todos os meus pesadelos, para me acordar. Fazes parte de todos os meus sonhos. Dos normais aos mais estrambólicos. E a cada dia que passa mais me convenço que só podias ser TU. Grande e paciente. Negativo e consciente. Palhaço e amoroso. Meigo e exigente. TU.

Podia dizer que te amo com todas as células do meu corpo, que não vivo sem ti e que tudo gira á tua volta. Mas é tão mais que isso… é uma questão de pele, a dor física quando não estas, a visão  turva quando não estamos bem, mas que bem pode chover  a potes e trovejar  quando estamos sintonizados. É saber que vou contigo até ao fim do Mundo, seja lá isso onde for e saber que salto assim que me digas "Jump!"sem fazer perguntas que não sejam "How high?".

Mas do que gosto mesmo, e tu sabes, é daquele sorriso. Aquele especial que tu pões como quem veste uma roupa especial num dia de festa. E esse, eu sei que quem te dá sou eu. E no fundo é só disso que eu preciso.


* este texto foi o ÚNICO neste blog a passar pela censura (sim, que eu ainda tenho amor á vida!)

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