Novela (que podia ser mexicana) com um número infindável de episódios e protagonistas a mais, vendida em pacotes económicos aos países do leste europeu. Enredo muito intrincado, malfeitores qb, doses exageradas de sacanices, facadas nas costas e muitas figurantes com língua de porteira. A única coisa que vale a pena no meio desta salganhada toda?! A protagonista, que interpreta este argumento sem mudar uma vírgula... ou não fosse isto a sua vida.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ainda não foste?

Vai, porra!
Como diz toda a gente que me estima e te conhece: "já vais tarde!".
Pega nessa tua anormal excentricidade, pouco apropriada ao teu tamanho,
nessa tua megalómana mania de achar que és mais do que todos,
nessa certeza de que és diferente, só porque usas o Rolex ou o Breitling no pulso direito;
nesse pouco convincente ar de menino bonzinho,
nesse teu dente de platina escondido,
nessa tua convicção de que vestir roupas de marca da cabeça aos pés fazem de ti uma pessoa de bem,
nessa tua ingénua certeza de que és eterno,
nessa tua necessidade de te rodeares de tudo o que é novo, brilhante e tem bom ar,
nesse teu arrogante ar de quem (acha que) sabe tudo,
nesse teu falso orgulho de seres minhoto,
nesse estado de engatatão de meninas que não te larga, nem aos 55 anos,
nessa tua ridícula teima em esconder a idade,
nessa insitência em que são os cremes de marca que te vão tirar as rugas e de que foi o head&shoulders e o linic que te fizeram perder a farta cabeleira,
nessa tua incapacidade de dizer correctamente "begala" ou "solidariedade"
... e vai!
Já agora, leva contigo todos os calotes, as merdas, as confusões, as vergonhas, as sacanices e as burlices em que tentaste meter-me (mais aquelas em que conseguiste). Aproveita e leva contigo o teu progenitor casca grossa, que só te sorriu enquanto lhe deixavas notas de 50€ no móvel da entrada ou lhe davas peixe à borla. Mais o irmão que te deu o golpe do baú (ou não) e o mais novo que sempre teve vergonha de todos (eu também teria...).
Aproveita e leva também os teus pertenços amigos, que de vez em quando ainda me telefonam, para tirar nabos da púcara. E a corja que te rodeia, espero profundamente que vá contigo! Desde ilegais a corruptos, nada te falta. Leva-os a todos e trata-os bem, para que não voltem.
Leva ainda aquelas tipas com ar duvidoso que acham que escrever-me emails, a contar histórias escabrosas tuas me causam algum dano. Há muito que nada, vindo de ti ou de quem seja, me espanta. Leva-as e faz por tratá-las bem, para que não voltem.
Igualmente, leva essa tendência estranha de te fazeres acompanhar por meninos de 20 e poucos anos a quem intitulas de "assistentes".
Quando fores, paga diligentemente, o excesso de bagagem (que há-de ser muito). Leva-os a todos. Os chupistas bajuladores, as meninas ocas e estridentemente risonhas, os lambe botas e os palmadinhas nas costas.
E pára de me perguntar, de cada vez que me telefonas, se eu estou bem! Essa tua preocupação paternalista insulta gravemente a minha inteligência. Estou bem. Aliás, estou fantástica. E estou-o desde o dia em que entendi que conseguiria o que sempre quis, sem que para isso precisasse de ti para nada. O emprego, as contas pagas, a casa só minha, os amigos que eu escolhi, a promoção e o dinheiro para trocos.
Ah... e de exclamares com o ar mais convincente do mundo, de que não sabes porque é que eu te deixei.
Não sei o que te aflige mais: o facto de eu, por si só, ter conseguido dar a volta por cima depois do buraco de onde saí, ou de o ter feito sem precisar de ti. Óh ego exarcebado que tu tens!
A única coisa que me aflige é a minha memória. Sempre tão viva e atenta, reteve todos os pormenores que me esforço por esquecer.
Mas, sobrevivi-te. E esta é uma palavra de que gosto muito de me lembrar que existe.
Por estas e por outras, espero ansiosamente pela notícia de que foste, sem data para regressar.
Texto escrito com "alguma" raiva, depois de receber mais uma "prenda".

4 comentários:

João Paulo Cardoso disse...

Neste momento estou a escrever o teu nome numa bandeira enorme que poderá ser vista do espaço.

Beijos.

P.S:
A tua vida dava um filme indiano mas está na hora de terminares o último capítulo.
Isso inclui que "prenda" seja a última palavra dedicada a quem não merece.
Gasta a tua (muita) energia de forma mais positiva.

Beijos uma vez mais e desculpa lá estas palavras como se te conhecesse.

Mad disse...

Mas eu conheço-te (e à peça) e faço minhas as palavras do JP. E digo mais: sublinho-as com caneta fluorescente.

Tens bem mais tomates que ele, que sem o estadão é um zero à esquerda com 1,20 de altura. Agora deu-lhe para impressionar imberbes? Porquê? Às brasileiras cheirou-lhes o saco roto, não?

1 grandessíssimo beijo nas trombas.

José Pedro Viegas disse...

Bela Mulher... Grande Mulher, aliás MULHERÃO.

Porque escreves bem, porque defines bem e caracterizas bem "o personagem"... e valha-me Deus, se eu já estava descrente na vida...
Bora aí Miuda...Não te conheço, mas mereces uma amizade, pequena, terrestre mas honesta.
JPV

Maria Feliz disse...

JP,
Bandeira? (passou-se...)

Mad,
Outro, nas trombas também.

Pedro,
Obrigada e volta sempre. Como se costuma dizer por estes lados "ainda não viste nada..."