
Porque é que a malta não se aguenta casada? Porque é que não há quem consiga manter um casamento?
De toda a gente que conheço, apenas 4 casais mantêm um casamento aparentemente saudável. Como é que caduca um projecto assim? Como é que se desiste de uma família? Como é que se afunda tudo e siga a banda? Como é que se dividem Natais, aniversários, férias e fins-de-semana? Mais a divisão de despesas, as pensões e as facturas do pediatra? Quem compra a touca para a piscina? Quem paga o baptizado? Quem escolhe os padrinhos?
Só hoje soube de mais dois divórcios. Logo de manhã, assim de rajada! Porquê? Acabou-se o amor? Ou terá acabado a pouca paciência? Ou o egoísmo será maior que o companheirismo e a vontade de dar passeios ao Domingo? Quem sou eu para os julgar? Logo eu que nunca casei...
Todos queremos o que não temos. Eu que nunca casei, gostava de o fazer. Saber como é. Ter mais crianças, ter uma sogra (boa ou má, não interessa, gostava de ter uma!), um marido no sofá, uma companhia que me aquecesse os pés no Inverno e me levasse de férias no Verão.
Os casados querem ser solteiros. Ser livres, não dar satisfações, não dividir responsabilidades, nem dores de cabeça... Não aturar a mesma pessoa durante anos, não aturar a família dela, nem as manias e os defeitos. Mas porra, é preciso fazer com um ordenado o que se fazia com dois! É só fazer as contas e o resultado dever ser um cinto muito mais apertado...
E no meio de tudo isso, há filhos, dos dois. Elos que vão manter para sempre. Que de um dia para o outro, tomam consciência que os pais já não são namorados. Na melhor das hipóteses serão amigos. Na pior, inimigos que os usam como armas de arremesso...
Penso nos filhos de amores findos que conheço. Um xi muito, muito grande para eles: Margarida e Tomás, Alexandre e Miguel, Bernardo e Filipa, Diogo, Beatriz, Rafael, Leonor e Gonçalo, Madalena, Joana e Catarina, Maria, Afonso, João Maria, Miguel, Diogo e Cátia, Tomás. E estou triste.