Novela (que podia ser mexicana) com um número infindável de episódios e protagonistas a mais, vendida em pacotes económicos aos países do leste europeu. Enredo muito intrincado, malfeitores qb, doses exageradas de sacanices, facadas nas costas e muitas figurantes com língua de porteira. A única coisa que vale a pena no meio desta salganhada toda?! A protagonista, que interpreta este argumento sem mudar uma vírgula... ou não fosse isto a sua vida.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

800 e alguns kms depois

Para começar, três esclarecimentos:

1. As “brincadeiras” lá em baixo, nos comentários ao texto “Estou no ir” caíram lindamente e não correram nada mal. Ou não tivesse deixado o tasco bem entregue, com a digníssima supervisão da Senhora minha Mãe, (aka AL, para quem ainda não entendeu).

2. Os problemas “logísticos” abaixo mencionados e que impediram o prolongamento da nossa estadia em terras algarvias, deveram-se única e exclusivamente a uma crise de identidade de um sofá cama. Passo a explicar: um estupor de um sofá que sempre toda a gente pensou tratar-se de um sofá cama, e que afinal não era mais do que um simples... sofá. O dito até tinha ar de sofá cama e enganou bem a malta até à altura em que o tentaram transformar em cama. Resistente até à última parecia afirmar: “Eu sou um SO-FÁ! Esqueçam lá isso.” E pronto, esquecemos.

3. Os 800 e muito quilómetros foram feitos na ida e na volta, mais o passeio a Espanha e o 'acrescento'. Por 'acrescento' entenda-se “alguém” que não viu a saída para Lisboa e só se apercebeu disso perto de Lagos. Podia justificar com a distracção da conversa com a pequena, do “come o bolo” e do “não entornes o leite”, ou com o “mãe, deixei cair a minha concha” e o apanhar da concha. Mas não vale a pena. Acho que teve a ver com a pouca vontade de vir embora (e a loirice, óbvio).
Convém esclarecer que as fofas que se aperceberam da demora para chegar a Lisboa, me apelidaram de “tola” e “parva”. Nada como insultos carinhosos de quem gosta de nós!

Nota: Estão dispensados os comentários ao ponto 3.

Agora vamos ao que interessa e a começar pelo início.

Cabanas

Acolhimento 6 estrelas superior, como é hábito nos CruzRamos!





A travessia da Ria Formosa a pé, com lodo até aos joelhos e três crianças a duvidar se aquilo seria mesmo divertido.

Parece que chegámos no dia certo, ou não fosse dia de churrasco na praia, dos Santamarotos. O que se traduz num grupo de mais de 50 pessoas, muita animação e claro, churrasco.



Só não gostei muito do estado do mar, que me valeu uma centrifugação como já não tinha memória. Enrolei-me à grande numa onda e a sensação não foi de todo agradável. Tal como a percentagem de areia dentro do biquini (que não foi baixa) o desarranjo do mesmo e o ar alucinado ao sair da água.

Do mal, o menos, a sangria estava fantástica (mesmo com a falta de açúcar). Apesar de ter entornado dois copos. Claro que ao quarto copo já toda gente estranhava e tive de explicar várias vezes que dois tinham sido desperdiçados na areia. Saímos da praia já tarde, com a ajuda do Montez para atravessar a Ria, entretanto cheia.

Um dia muito agradável, sem dúvida. A noite não foi menos. Muita conversa, animação e... pronto, confesso! Já passava da uma da manhã quando me desafiaram para ligar o portátil. Não resisti. Mas foi coisa de meia hora. Nada grave, portanto.

Ao segundo dia tivemos azar com o tempo. Muito vento. Depois das arrumações, ficámo-nos por umas voltinhas e umas compras. Coisa pouca. Até porque já me tinha estreado no dia anterior.

E à custa do "Miga, vamos comprar biquinis? Vamos, miga?" eu é que enfeirei e não a vi a comprar trapinho nenhum!


Comprei um vestido liiiiiindo que se farta e que me fica a matar (não podem dizer que não fica, porque eu não mostro, boa?).

Com muita pena nossa (e a presunção leva-me a afirmar que deles também) seguimos viagem um pouco mais para adiante.

Vila Nova de Cacela

Não fazia ideia que fosse tão perto. Mal entrámos no carro e já lá estávamos.

A nossa Sara está cada vez maior e Setembro está mais próximo que nunca. Já está tudo ansioso para a ver cá fora. A minha Élita está linda. E os primeiros sete meses passaram tão depressa... A Raquel adorou sentir a princesa a mexer-se e é amoroso ver Toni e Élita tão babados com esta gravidez.

Acabadinhas de chegar e prontas para partir novamente. Fomos todos passar a noite perto de Portimão, onde mais três simpáticos nos esperavam.

Não vou divulgar o nome do local, tal como prometi, pois é bom demais para estragar. Fiquem-se apenas com as fotos e com a minha garantia de que o sítio é EXTRAORDINÁRIO. Ideal para férias de absoluto descanso, sem nada que incomode, no meio de coisa nenhuma, com um bom gosto fantástico. A noite esteve fabulosa e vi um céu estrelado como há muito não me lembrava. E não faltou uma estrela cadente. Sim, pedi um desejo, mas não isso agora não interessa nada.





Dá para ver bem a avestruz, na foto da esquerda. Já o burro, fez-se de esquisito e não quis aparecer! Feitios. Havia também o Chaparro, um cão enoooorme preto, mas que nem chegava perto de nós. Tão pachorrento que passou o dia como se pode ver na foto: a dormir. Nem mostro as fotos das casas por dentro, que assim já dá para deixar muita água na boca.



O dia seguinte foi passado a gozar a piscina e a explorar o local. A boa da Anabela brindou-nos com umas deliciosas espetadas mistas, que os meninos fizeram a delicadeza de grelhar no carvão.





Entretanto, Raquel e Bruno entretiveram-se a brincar com “alfarrogas” (não valeu de muito explicar à minha criança que eram alfarrobas, por sinal, até mais fácil de dizer que a palavra que ela inventou).

É engraçado ver como aqueles dois se dão. O puto é um mimo. Não diz os erres no meio das palavras, o que faz com que seja uma delícia ouvi-lo. E ainda viu uma “bibelinha”. Melhor que essas, só a da minha princesa, que se saiu com um “estou ‘preciosa' para ir para piscina”... Por “preciosa”, entenda-se “ansiosa”!

Ou a da Élita agarrada à taça de gelatina com um “ninguém quer mais, pois não?”.

Já saímos de lá tarde, de novo a caminho de Vila Nova de Cacela.

Seguiram-se dois dias de praia, almoços de peixinho grelhado, sestas refasteladas e um jantar absolutamente fabuloso, no Restaurante Costa, em Fábrica.

As amêijoas estavam de comer e chorar por mais. Só foi pena a Élita não poder comer e ter passado o tempo todo a dizer coisas como “espero que tenham areia”, “isso devia ter era estricnina” e “vocês ainda vão apanhar uma intoxicação alimentar”. Mas estavam tão boas que eu e o Toni nem a ouvimos. A juntar a isso, um arroz de marisco comido com a Raquel a dormir ao meu colo, a Ria Formosa mesmo ali ao lado, e mais duas amigas encontradas por acaso e que fizeram companhia para o café.

Isla Canela

Ano que não vou lá, parece que não é ano. É um dos meus lugares favoritos. E já lá tinha estado em Abril.
O lugar em si nem tem nada de por aí além. Mas encerra muita coisa. Mais de duas décadas a caminhar para lá, muitas histórias e muito de mim e dos meus.

Aconteça o que acontecer, sei que vou voltar ali, sempre. Até a areia me parece diferente de outros sítios. O dia esteve fenomenal, passámos a manhã quase toda dentro de água, caminhámos à beira mar, cumprimentámos velhos amigos.

Almoçámos no Chiringuito da praia e a Raquel comeu o seu gelado favorito. Um que, além do gelado, trás um ovo de chocolate com brinde. Não admira que a Raquel nunca se esqueça de o pedir quando lá vamos.

À tarde fizemos como todo o bom tuga que vai a Espanha: enchemos o depósito do carro (ainda dá para poupar uns tustos) e fizemos compras. Por acaso, não comprei caramelos. Como eu também tenho petiscos preferidos, não viemos embora sem me sentar numa calle a comer um pulpo alimado, enquanto a pequena se deliciava com pão com manteiga e um sumo de laranja.

De novo regressadas a Vila Nova de Cacela, queimámos os últimos cartuchos. Mais praia, mais petiscos e a boa companhia de amigos queridos. Sem esquecer as bolas de Berlim na praia (agora sem creme, por causa da ASAE) e o tapete de algas que resolveu invadir a praia da Mantarrota.

Das birras da Raquel e dos meus sermões, ficou-me a resposta “Oh mãe, tu já sabes que tens uma filha assim, o que é que queres?!

Este texto devia estar cheio de smiles e lols! Não querendo abusar da redundância, ficam os adjectivos que melhor definiram estas férias: fabulosas, extraordinárias, divertidas, bem dispostas, fantásticas!

A todos que nos receberam, aturaram e mimaram, obrigada.

7 comentários:

Anónimo disse...

Muito giro.

Muito giro mesmo. Parecem ferias daquelas que depois precisamos de ferias das ferias.

O bom filho, a casa retorna. Bem vinda de volta.

nf

Fora de mão disse...

Um relato tão conseguido que até mesmo a horripilante comida espanhola parece apetitosa :-)

(riuhacnf)

Ricardo Fonseca disse...

Já?! Sacana do sofá!

JOAO MARIA disse...

Ricas ferias!!Com os santamarotos somos sempre bem recebidos.Até houve uma das noites que não nos deixaram dormir ,em Gambelas, quiseram que ficassemos la a dormir
Beijinhos dos jooes

Anónimo disse...

Boas, Eu estive lá contigo, mas da maneira como descreves tudo ainda torna mais encantador, vou lá novamente em Setembro ou Outubro, queres vir? Beijos da malta (Paulo, Anabela e Bruno)

Anónimo disse...

Sensacional a tua descrição do nosso pequeno paraíso.
Já tenho saudadinhas que se farta.
Já estou "preciosa" para voltar outra vez ver as "alfarrogas" e as "bibelinhas".
O puto até já foi ao banho na mantarrota e tudo com o tio Tony.

Espectáculo.
O Paulo não se queria vir embora. Queria montar lá um negócio e ficar por lá.

Bom e agora me despeço e já sabes se formos lá e quiseres vir diz.
Beijocas da Anabela, Paulo e Bruno

Maria Feliz disse...

Anabela, Paulo e Bruno,

A Kel e eu adorámos o local e a vossa companhia! Dias como aqueles, deixam saudades!! Obrigada pelo convite. Se houver oportunidade, não falhamos.

PS: Ainda não me consegui livrar das "alfarrogas":)