Novela (que podia ser mexicana) com um número infindável de episódios e protagonistas a mais, vendida em pacotes económicos aos países do leste europeu. Enredo muito intrincado, malfeitores qb, doses exageradas de sacanices, facadas nas costas e muitas figurantes com língua de porteira. A única coisa que vale a pena no meio desta salganhada toda?! A protagonista, que interpreta este argumento sem mudar uma vírgula... ou não fosse isto a sua vida.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

SIM! A minha opinião

Era para ter colocado este texto aqui ontem... mas entretanto, nem de propósito:

26/Janeiro/2007
Três freiras da Casa do Sagrado Coração de Jesus de Évora, de 50 e 70 anos, foram constituídas arguidas pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) por suspeitas de maus tratos a duas meninas, irmãs, ambas internas naquela instituição particular de solidariedade social desde 1997.

25/Janeiro/2007
Um feto do sexo masculino foi encontrado ontem numa caixa de saneamento, no centro da cidade de Braga. Fonte da Polícia Judiciária adiantou que “tudo aponta para que se tenha tratado de um aborto provocado”.

(passível de ferir susceptibilidades…)

Nos dias de hoje não é fácil ser católica. Quanto mais praticante e assumi-lo. Por muito que me custe admitir, mas há que fazê-lo, a Igreja a que pertenço está de mal a pior… Se há coisas que, como católicos, temos de ter presente é que somos pecadores! E mais, somo-lo desde que nascemos. Por isso acreditamos no baptismo, como “limpeza” do pecado original, e mais tarde, na adolescência, repetimos os mesmos votos quando somos crismados.

Não vou à Missa todos os Domingos, não me confesso há anos, não olho de soslaio os putos que não se calam durante a Consagração (eu própria fiz o mesmo), não tento redimir e encaminhar tudo o que é ateu deste mundo… Acredito no que acredito, não só porque assim fui educada, mas fundamentalmente por que me identifico com muitos dos valores que a Igreja Católica defende. Valores como a solidariedade, a humildade, o amor ao próximo, o perdão, o altruísmo e a abnegação.

Dentro do possível tento continuar ligada à minha paróquia, mais como espectadora do que como actriz. Dá-me especial gozo ainda haver por lá miúdos de 16, 17 anos que acreditam que, pela fé, podem mudar o Mundo. Que, fundamentalmente, acreditam em alguma coisa. Porque, para mim, ter fé é acreditar. Seja naquilo que for. Tenho uma fé muito própria: a minha. Sei no que acredito e ninguém vai mudar isso.

E agora corro o risco de ser excomungada. Porque defendo a minha convicção de que é necessário votar SIM no referendo sobre a despenalização do aborto.
Ao votar SIM, cometerei um pecado mortal e, a partir desse dia, não poderei casar pela Igreja ou ter um funeral religioso… é o que diz o Cânone 1398.

E como somos todos tementes a Deus e andamos de palas nos olhos atrás de uma qualquer cenoura… vamos fazer o que diz a Igreja Católica e continuar a enfiar a cabeça na areia, enquanto todos os anos mulheres morrem ao fazer abortos clandestinos?! E às sobreviventes, cárcere com elas A ver se aprendem.

Não defendo o aborto como método contraceptivo, mas considero que entre um aborto e uma criança que nasce sem ser desejada… é melhor o aborto. Mais do que um aborto, choca-me uma criança de olhos baços, a quem mais do que a fome e o frio, magoa a falta de amor. O saber que nasceu sem que ninguém a desejasse. E se algum dia tiver oportunidade de perguntar porque é que nasceu, haverá sempre a possibilidade de lhe explicar que foi porque se a mamã abortasse, era presa. Não vos parece um motivo válido para nascer?

Numa perspectiva exagerada, deixemo-los nascer a todos e depois, mais do que horrorizarmo-nos com imagens de abortos (que chocam, admito) vamos sentar-nos no sofá e vibrar com as aberturas dos telejornais em que há manchetes para todos os gostos… Desculpem a estupidez, mas é muito melhor queimar crianças com pontas de cigarros, esborrachar-lhes o crânio contra a parede, abusar delas sexualmente, enfim… espancá-las até à morte… Mas aborto? Isso é que não. O aborto é crime. Os abortistas são uns hereges, conspurcam o sentido e o direito à vida.

Não sou tão radical ao ponto de dizer que concordo com o aborto até aos nove meses, como já ouvi por aí. Nem tão ridícula de andar com t-shirts a dizer “Eu abortei!” (até porque nunca o fiz – e não o digo para parecer melhor ou pior que ninguém).
Tenho em mim a convicção de que aprovar a lei de despenalização do aborto não vai fazer subir em flecha o número de abortos. Como mulher, acredito que um aborto não se faz porque apetece, alegre e contente como se de uma ida às compras se tratasse. Não é o mesmo que tomar uma pílula (seja ela anticoncepcional ou abortiva) e gosto de pensar que grande parte das mulheres tem isso presente.

O que me entristece é que numa altura destas, e mais uma vez, a Igreja a que pertenço, em vez que esclarecer, explicar, tirar duvidas, prefere impor uma visão fundamentalista, e ameaçar com castigos quem for contra.

Eu até posso ser contra o aborto em si, não posso é ser contra ao direito que alguém tem de o fazer!

Por isso, voto SIM.

3 comentários:

Anónimo disse...

Inteiramente contigo e com tudo o que escreveste.
Vota e cala-te pq o voto é secreto e na tua consciência fá-lo por acreditares num valor maior que a ppa vida: o ser-se desejado!
E se a Igreja te excomungar, deixa lá que o proprio Deus te perdoará...(se Ele achar que há qq coisa p perdoar)

E paremos com as hipocrisias...
Votar sim à legalização do aborto não é sinónimo de ser-se pró aborto!

ac

Anónimo disse...

Independentemente da minha opinião e do meu voto, assim como da ideia igreja, só posso dizer isto:

Independentemente do resultado do referendo, vai continuar a haver aborto clandestino e mulheres com problemas resultantes destes.

Como assim ?
Porque miudas menores de idade não dizem aos pais que estão grávidas até às 10 semanas. Grande parte só o faz qd já é quase impossivel esconder a barriguinha.
Muitas mulheres, independentemente da idade, às 10 semanas, não sabem que estão grávidas.
E por estas razões vai continuar a haver aborto clandestino.

E se a decisão for SIM, vou fazer um aborto, por favor, a todas as mulheres que o decidirem fazer, pelo menos pensem bem e falem com o homem que tb "participou" na concepção, ele tb deveria ter uma palavra a dizer, e não respondam q vcs é q sabem, vcs é q decidem, vcs é q são donas do vosso corpo.

Se é assim q pensam, por favor, depois do aborto façam uma laqueação de trompas, mas das bem feitas, uma que seja irreversivel.

Bjs

Maria Feliz disse...

Vou começar a apagar comentários anónimos não tarda nada... Que mania!