Para começar, três esclarecimentos:
1. As “brincadeiras” lá em baixo, nos comentários ao texto “Estou no ir” caíram lindamente e não correram nada mal. Ou não tivesse deixado o tasco bem entregue, com a digníssima supervisão da Senhora minha Mãe, (aka AL, para quem ainda não entendeu).

2. Os problemas “logísticos” abaixo mencionados e que impediram o prolongamento da nossa estadia em terras algarvias, deveram-se única e exclusivamente a uma crise de identidade de um sofá cama. Passo a explicar: um estupor de um sofá que sempre toda a gente pensou tratar-se de um sofá cama, e que afinal não era mais do que um simples... sofá. O dito até tinha ar de sofá cama e enganou bem a malta até à altura em que o tentaram transformar em cama. Resistente até à última parecia afirmar: “Eu sou um SO-FÁ! Esqueçam lá isso.” E pronto, esquecemos.
3. Os 800 e muito quilómetros foram feitos na ida e na volta, mais o passeio a Espanha e o 'acrescento'. Por 'acrescento' entenda-se “alguém” que não viu a saída para Lisboa e só se apercebeu disso perto de Lagos. Podia justificar com a distracção da conversa com a pequena, do “come o bolo” e do “não entornes o leite”, ou com o “mãe, deixei cair a minha concha” e o apanhar da concha. Mas não vale a pena. Acho que teve a ver com a pouca vontade de vir embora (e a loirice, óbvio). Convém esclarecer que as fofas que se aperceberam da demora para chegar a Lisboa, me apelidaram de “tola” e “parva”. Nada como insultos carinhosos de quem gosta de nós!
Nota: Estão dispensados os comentários ao ponto 3.
Agora vamos ao que interessa e a começar pelo início.
Cabanas
Acolhimento 6 estrelas superior, como é hábito nos CruzRamos!

A travessia da Ria Formosa a pé, com lodo até aos joelhos e três crianças a duvidar se aquilo seria mesmo divertido.
Parece que chegámos no dia certo, ou não fosse dia de churrasco na praia, dos Santamarotos. O que se traduz num grupo de mais de 50 pessoas, muita animação e claro, churrasco.
Só não gostei muito do estado do mar, que me valeu uma centrifugação como já não tinha memória. Enrolei-me à grande numa onda e a sensação não foi de todo agradável. Tal como a percentagem de areia dentro do biquini (que não foi baixa) o desarranjo do mesmo e o ar alucinado ao sair da água.

Do mal, o menos, a sangria estava fantástica (mesmo com a falta de açúcar). Apesar de ter entornado dois copos. Claro que ao quarto copo já toda gente estranhava e tive de explicar várias vezes que dois tinham sido desperdiçados na areia. Saímos da praia já tarde, com a ajuda do Montez para atravessar a Ria, entretanto cheia.

Um dia muito agradável, sem dúvida. A noite não foi menos.
Muita conversa, animação e... pronto, confesso! Já passava da uma da manhã quando me desafiaram para ligar o portátil. Não resisti. Mas foi coisa de meia hora. Nada grave, portanto.

Ao segundo dia tivemos azar com o tempo. Muito vento. Depois das arrumações, ficámo-nos por umas voltinhas e umas compras. Coisa pouca. Até porque já me tinha estreado no dia anterior.
E à custa do "
Miga, vamos comprar biquinis? Vamos, miga?" eu é que enfeirei e não a vi a comprar trapinho nenhum!
Comprei um vestido liiiiiindo que se farta e que me fica a matar (não podem dizer que não fica, porque eu não mostro, boa?).
Com muita pena nossa (e a presunção leva-me a afirmar que deles também) seguimos viagem um pouco mais para adiante.
Vila Nova de Cacela
Não fazia ideia que fosse tão perto. Mal entrámos no carro e já lá estávamos.
A nossa Sara está cada vez maior e Setembro está mais próximo que nunca. Já está tudo ansioso para a ver cá fora. A minha Élita está linda. E os primeiros sete meses passaram tão depressa... A Raquel adorou sentir a princesa a mexer-se e é amoroso ver Toni e Élita tão babados com esta gravidez.
Acabadinhas de chegar e prontas para partir novamente. Fomos todos passar a noite perto de Portimão, onde mais três simpáticos nos esperavam.
Não vou divulgar o nome do local, tal como prometi, pois é bom demais para estragar. Fiquem-se apenas com as fotos e com a minha garantia de que o sítio é EXTRAORDINÁRIO. Ideal para férias de absoluto descanso, sem nada que incomode, no meio de coisa nenhuma, com um bom gosto fantástico. A noite esteve fabulosa e vi um céu estrelado como há muito não me lembrava. E não faltou uma estrela cadente. Sim, pedi um desejo, mas não isso agora não interessa nada.


Dá para ver bem a avestruz, na foto da esquerda. Já o burro, fez-se de esquisito e não quis aparecer! Feitios. Havia também o Chaparro, um cão enoooorme preto, mas que nem chegava perto de nós. Tão pachorrento que passou o dia como se pode ver na foto: a dormir. Nem mostro as fotos das casas por dentro, que assim já dá para deixar muita água na boca.

O dia seguinte foi passado a gozar a piscina e a explorar o local. A boa da Anabela brindou-nos com umas deliciosas espetadas mistas, que os meninos fizeram a delicadeza de grelhar no carvão.


Entretanto, Raquel e Bruno entretiveram-se a brincar com “
alfarrogas” (não valeu de muito explicar à minha criança que eram alfarrobas, por sinal, até mais fácil de dizer que a palavra que ela
inventou).
É engraçado ver como aqueles dois se dão. O puto é um mimo. Não diz os erres no meio das palavras, o que faz com que seja uma delícia ouvi-lo. E ainda viu uma “bibelinha”. Melhor que essas, só a da minha princesa, que se saiu com um “estou ‘preciosa' para ir para piscina”... Por “preciosa”, entenda-se “ansiosa”!
Ou a da Élita agarrada à taça de gelatina com um “ninguém quer mais, pois não?”.
Já saímos de lá tarde, de novo a caminho de Vila Nova de Cacela.
Seguiram-se dois dias de praia, almoços de peixinho grelhado, sestas refasteladas e um jantar absolutamente fabuloso, no Restaurante Costa, em Fábrica.
As amêijoas estavam de comer e chorar por mais. Só foi pena a Élita não poder comer e ter passado o tempo todo a dizer coisas como “espero que tenham areia”, “isso devia ter era estricnina” e “vocês ainda vão apanhar uma intoxicação alimentar”. Mas estavam tão boas que eu e o Toni nem a ouvimos. A juntar a isso, um arroz de marisco comido com a Raquel a dormir ao meu colo, a Ria Formosa mesmo ali ao lado, e mais duas amigas encontradas por acaso e que fizeram companhia para o café.
Isla Canela
Ano que não vou lá, parece que não é ano. É um dos meus lugares favoritos. E já lá tinha estado em Abril.
O lugar em si nem tem nada de por aí além. Mas encerra muita coisa. Mais de duas décadas a caminhar para lá, muitas histórias e muito de mim e dos meus.
Aconteça o que acontecer, sei que vou voltar ali, sempre. Até a areia me parece diferente de outros sítios. O dia esteve fenomenal, passámos a manhã quase toda dentro de água, caminhámos à beira mar, cumprimentámos velhos amigos.

Almoçámos no Chiringuito da praia e a Raquel comeu o seu gelado favorito. Um que, além do gelado, trás um ovo de chocolate com brinde. Não admira que a Raquel nunca se esqueça de o pedir quando lá vamos.
À tarde fizemos como todo o bom tuga que vai a Espanha: enchemos o depósito do carro (ainda dá para poupar uns tustos) e fizemos compras. Por acaso, não comprei caramelos. Como eu também tenho petiscos preferidos, não viemos embora sem me sentar numa calle a comer um pulpo alimado, enquanto a pequena se deliciava com pão com manteiga e um sumo de laranja.
De novo regressadas a Vila Nova de Cacela, queimámos os últimos cartuchos. Mais praia, mais petiscos e a boa companhia de amigos queridos. Sem esquecer as bolas de Berlim na praia (agora sem creme, por causa da ASAE) e o tapete de algas que resolveu invadir a praia da Mantarrota.
Das birras da Raquel e dos meus sermões, ficou-me a resposta “Oh mãe, tu já sabes que tens uma filha assim, o que é que queres?!”
Este texto devia estar cheio de smiles e lols! Não querendo abusar da redundância, ficam os adjectivos que melhor definiram estas férias: fabulosas, extraordinárias, divertidas, bem dispostas, fantásticas!
A todos que nos receberam, aturaram e mimaram, obrigada.