Novela (que podia ser mexicana) com um número infindável de episódios e protagonistas a mais, vendida em pacotes económicos aos países do leste europeu. Enredo muito intrincado, malfeitores qb, doses exageradas de sacanices, facadas nas costas e muitas figurantes com língua de porteira. A única coisa que vale a pena no meio desta salganhada toda?! A protagonista, que interpreta este argumento sem mudar uma vírgula... ou não fosse isto a sua vida.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Inspiração

Eu tenho um fetiche com cheiros.
Assumo publicamente.
Tenho outros, mas esses não se podem (ou devem) assumir publicamente.

Mas os cheiros são uma coisa com a qual tenho uma estreita relação. Relaciono os cheiros às pessoas, aos lugares, às lembranças.
E quando falo de “cheiros”, não estou a falar apenas de perfumes. Por exemplo, há lugares que têm cheiros inconfundíveis. Ainda me lembro do cheiro da casa do meu bisavô… embora não me lembre da última vez que lá fui. E o cheirinho da minha avó, apesar de não a ver há quase quatro anos (o cheiro dela e não o da Nina Ricci que ela tanto gosta).

Tenho uma grande incapacidade em dissociar as pessoas do seu cheiro. É uma forma de as reconhecer. E é uma coisa que me faz sentir segura. Cheiros que conheço sem ter de pensar muito. Como o da minha filhota, que ainda lembra bebé. Ou o da minha mãe, que referencia sempre protecção.

Houve um cheiro em tempos que me fazia rir… quando estávamos no Brasil, a minha filhota cheirava a azedo, coisa que em Portugal não acontecia. Como o leite era de “latinha”, em pó, ela ficava com aquele cheirinho característico.

Presto especial atenção aos cheiros das pessoas e das casas, das roupas e dos objectos. Seja tabaco, seja comida, seja perfume, seja o amaciador da roupa. No meu arquivo, há muita gente catalogada pelo seu cheiro.

E claro… os perfumes. O primeiro que me despertou a atenção foi o Drakar Noir, nos meus longínquos tempos de liceu, corriam os anos 80. Esse deixou marca. Foi o primeiro.

Vários se seguiram, que invariavelmente ficaram ligados à pessoa que o usava… fosse homem ou mulher. Como a minha incapacidade para lidar, de perto, com quem usava Anaïs Anaïs ou Egoïste.

Mas há um que me faz viajar. E coincidência das coincidências, o meu colega de carteira usa-o.
À laia de provocação, já me disseram “Tu que todos os dias mergulhas no Issey Myake”. Não é bem todos os dias e não é bem mergulhar. Mas trabalho em open space e seria complicado passar um dia inteiro sem inspirar.

Fico sinceramente agradecida por ele não o usar todos os dias. Mas reconheço que é um perfume que mexe comigo. Leva-me a Paris, há quase 10 anos atrás. Nem importa se as recordações são boas ou más. Recordo apenas o perfume.

Inspiro… e lá vem de novo o Issey. Devia ser proibido fazer perfumes tão bons.

2 comentários:

João Paulo Cardoso disse...

Cheirou-me pela foto do seu olhar que este devia ser um bom blog.

E é, c'um catano!

Permanentemente actualizado e escrito com qualidade e sensibilidade.

Ou muito me engano ou este vai acabar por ser um blog de culto...

Passe lá pelo meu "Eldorado" quando quiser. Será sempre bem recebida.

Maria Feliz disse...

Primeiro que tudo acho fantástico você tratar toda a gente por você.
Depois, bem... quem fala assim, não gagueja, com certeza!
Obrigada pelo elogio.
"Blog de culto" é deveras lisonjeante. Nem eu, que sou presunçosa (dizem) esperava tanto.