Novela (que podia ser mexicana) com um número infindável de episódios e protagonistas a mais, vendida em pacotes económicos aos países do leste europeu. Enredo muito intrincado, malfeitores qb, doses exageradas de sacanices, facadas nas costas e muitas figurantes com língua de porteira. A única coisa que vale a pena no meio desta salganhada toda?! A protagonista, que interpreta este argumento sem mudar uma vírgula... ou não fosse isto a sua vida.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Potencial

Fui ao baú das coisas escritas e guardadas. Esta é uma delas. Escrita há uns meses atrás, andava a ganhar pó numa parteleira alta. Não por falta de oportunidade ou pudor. Apenas por esquecimento.

Mas ontem "tropecei" na versão masculina da coisa e lembrei-me da minha versão. Qualquer tipo de comparação vai dar, no mínimo, asneira.

...

Vou ligar-te todos os dias, muitas vezes antes das 10h da manhã. Mensagens? O meu recorde foram 140 num mês (média de 4,5 sms por dia… fim-de-semana incluído.) E nem sequer tinha nada com o pobre do moço! (um aparte: ainda hoje aquele herói tem dificuldades de respiração quando precisa de falar comigo, tal o sufoco que lhe provoquei!)

Vou mandar-te e-mail parvos, às dezenas e fazer-te apresentações lamechas em Power Point, com carradas de megas. Vou mandar-te fotos minhas que, muito sinceramente, vou esperar que imprimas e coloques na carteira.

Vou perguntar tudo… não porque queira controlar-te, mas apenas porque quero saber. Não para fazer cenas de ciúmes se estiveste com uma ex… mas apenas porque quero saber. Não que me diga respeito o que fizeste, mas apenas porque quero saber. Vou relatar-te todos os meus passos, não porque queira que relates os teus, mas porque vou achar que te interessa.

Vou aparecer sem avisar, à porta da tua casa, à saída do teu emprego, no supermercado onde fazes compras, não para te vigiar, mas apenas porque me apetece ver-te. Vou fazer pesquisas no Google com o teu nome e contar-te o que descobri.

Vou decorar o teu aniversário e o de toda a gente da tua família. Não porque seja importante, mas apenas porque tenho boa memória. E vou saber os nomes de toda a gente, o sítio onde nasceste e as escolas em que andaste. Vou lembrar-me sempre do que já fizeste, das empresas em que trabalhaste e de tudo o que passaste.

Vou saber na ponta da língua o nome dos teus melhores amigos, o que fazem e de onde vieram. E vou ter o número de telefone deles, para lhes poder ligar quando tu não me atenderes, caso a tua mãe não me atenda também.

Vou amuar quando não me ligares ou atenderes. Vou fazer beicinho quando não prestares atenção quando eu falo, seja o assunto interessante ou não. Vou encostar-me a ti, dar-te a mão, ajeitar-te a gravata, contar-te as nódoas do pullover e pentear-te com a mão… de preferência em locais públicos.

Vou arranjar-te um nome que só eu te chamarei, do género “Becas”, e vou usá-lo à frente de toda a gente, em qualquer situação.

Vou dar-te conselhos que não pediste, opiniões que não te interessam, só porque vou achar que queres saber. Vou contar-te a minha vida, de trás para a frente e da frente para trás, sem versões curtas e não deixando escapar os pormenores mais sórdidos e infelizes. Apenas porque vou achar que queres saber.

Vou esclarecer-te que, tal como 100% das mulheres, tenho um complicómetro ligado desde os 6 anos, o qual não é possível desligar.

Vou esperar que assumas um compromisso, porque não sou menina de aventuras, nem de enrolanços fugazes. Mas não vou esperar muito e vai ter de partir de ti.
Por isso vou pressionar, insistir, questionar, exigir, chantagear, amuar e persistir. Até que, rendido, cedas, ou em desespero te eclipses e nunca mais apareças.

3 comentários:

VF disse...

Spooookkkyyyy!

Mas ao ver o pó das tuas prateleiras decidi ganhar coragem para limpar as minhas.

O resultado está Ao Sul...

Maria Feliz disse...

Já me chamaram muita coisa... mas "Spoookkkyyyy!" é a primeira vez.
Se eu continuar a ir ao baú, vão aparecer adjectivos novos por aqui:)

Anónimo disse...

Excelente! Gajo de sorte esse.

NullFame